Brasília – A Câmara dos Deputados chega hoje loteada à eleição para escolher quem sucederá Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no mandato-tampão de presidente da Casa, que vai até fevereiro do ano que vem. A entrada do ex-ministro da Saúde Marcelo Castro (PMDB-PI) na disputa, após ser escolhido por 28 votos de seus correligionários, embolou de vez o jogo, roubou votos prometidos a outros candidatos e animou o PT, que escolheu um nome para apoiar e tentar se manter vivo no Parlamento após o afastamento de Dilma Rousseff.
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A decisão mexeu com as estruturas da Câmara e do Planalto. Na hora em que o resultado foi confirmado, o presidente em exercício Michel Temer almoçava com a Frente em Defesa da Agropecuária. Acabou questionado pelo deputado Nilson Leitão (PSDB-MS). “Como o PMDB deixa vencer um candidato que foi contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff?”, quis saber. Temer, com jeito enigmático, devolveu. “Essa é a maior prova de que eu não estou me envolvendo nessa disputa”, completou o presidente em exercício.
Mais cedo, no entanto, o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, confirmou o empenho do governo – até o momento, completamente em vão – de encontrar um nome de consenso na base.
Padilha defende que sejam costurados acordos para os próximos mandatos da Presidência da Câmara. “Pode haver esse conserto. Nós podemos chegar a conclusão que pode haver um conserto e nós estamos pensando que de repente possa fazer esse conserto para 2016, 2017, 2018. Não precisa ser só 2016”, afirmou.
DESEQUILÍBRIO Acompanhado do líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), e do deputado José Priante (PA), Marcelo Castro tentou, sem sucesso, se reunir com Temer. Eles conversaram com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que prometeu que haveria um encaixe na agenda dele para atender o ex-ministro da Saúde ainda ontem.
A entrada de Castro também desequilibrou o jogo nas demais candidaturas internas. “A entrada do Marcelo nessa disputa diluiu muito o voto. Temos de trabalhar pela unidade das candidaturas. Quanto mais candidatos tivermos, menores as chances de vitória. Quanto menos tivermos, maiores as chances”, afirmou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).
No PR, que fechou o apoio a Giacobo (PR) por pressão de Valdemar Costa Neto – condenado no processo do mensalão –, também houve ranger de dentes. “É ruim para a gente, porque o Castro 'bica' votos onde o Giacobo também bica”, lamentou um articulador da campanha do candidato paranaense.
Nem o chamado Centrinho ficou imune ao “terremoto” Castro. “Boa parte do PSB pode ir com Castro. Ele é leve, tem bom trânsito no partido. Especialmente depois de o PSDB vetar o nome do Júlio Delgado”, reclamou um parlamentar socialista. Os tucanos negam que tenham vetado o apoio a Delgado, que poderá desistir da candidatura antes de o pleito começar.
Maia não quis polemizar com a entrada de Castro na disputa. “Minha base são os quatro partidos do lado de cá (PSDB-DEM-PPS-PSB). Se compreendermos do lado de cá que podemos estar juntos, essa candidatura será imbatível”, apostou Maia. Mas os tucanos também vêm sendo assediados pelo PP, que lançou ontem o nome de Esperidião Amin (SC). “Ele foi no PSDB, conversou conosco e foi muito bem recebido. É um nome leve, articulado e limpo”, afirmou um deputado do PSDB.
Na corrida
Confira os 14 deputados que registraram
a candidatura até o fim da noite de ontem.
» Fausto Pinato (PP-SP)
» Carlos Gaguim (PTN-TO)
» Carlos Manato (SD-ES)
» Fábio Ramalho (PMDB-MG)
» Giacobo (PR-PR)
» Cristiane Brasil (PTB-RJ)
» Luiza Erundina (PSol-SP)
» Rogério Rosso (PSD-DF)
» Evair Vieira de Melo (PV-ES)
» Beto Mansur (PRB-SP)
» Esperidião Amin (PP-SC)
» Rodrigo Maia (DEM-RJ)
» Marcelo Castro (PMDB-PI)
» Miro Teixeira (Rede-RJ)