Recomeça nesta quinta-feira a "novela" para apreciação do recurso do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), para anular a sugestão do Conselho de Ética para cassar o seu mandado. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Osmar Serraglio (PMDB-PR), encerrou na tarde dessa quarta-feira (13) a reunião da CCJ após manobras de aliados de Cunha para adiar a votação.
O indicativo de que a sessão seria encerrada abriu uma gritaria entre deputados aliados e rivais de Cunha. Em seguida, Serraglio encerrou a reunião. Se dizendo injustiçado, Serraglio fez um desabafo e negou que tenha atuado para favorecer Cunha na sessão dessa quarta-feira (13), já que deu prazo para que o peemedebista falasse após todas as vezes que o relator se pronunciava. "Isso pareceu como se eu estivesse facilitando. Estou obedecendo rigorosamente o regimento", disse Serraglio.
Mais de 30 deputados se inscreveram para falar, cada um com direito a 15 minutos de fala. Ao fim, relator e defesa ainda tem, cada um, mais 20 minutos para considerações. Sem contar tempos de lideranças, sempre concedidos em tais ocasiões, mais os bate-bocas comuns nas sessões que tratam da cassação do ex-presidente da Casa.
A reunião foi aberta concedendo a palavra ao deputado Eduardo Cunha. Ele voltou a criticar o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo, a quem acusa de atrasar seu processo apenas para "permanecer na mídia". Cunha lista uma série de supostos erros de Araújo e nega que tenha feito "manobras" para atrasar os trabalhos do conselho.
Ameaça
Eduardo Cunha também disse que não fez "ameças a quem quer que seja". Na reunião da terça-feira (12), em defesa apresentada à CCJ, Cunha decidiu recorrer "à consciência dos colegas". Se dizendo injustiçado no processo de cassação, disse que parlamentares indiciados pela Justiça podem sofrer o mesmo que ele. "Há investigados nesta sala", disse. "Hoje sou eu. É o efeito Orloff. Vocês, amanhã", disse.