O presidente em exercício, Michel Temer, parabenizou pessoalmente o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na visita feita por ele ao Palácio do Planalto no fim da manhã desta quinta-feira. Temer, primeiramente, conversou a sós com Maia. Comemoraram as boas relações que acreditam que dominarão Executivo e Legislativo daqui para a frente, e reforçaram o desejo de que a instabilidade estabelecida no Congresso nos últimos meses seja superada.
Quando Maia chegou ao gabinete de Temer, o ex-secretário-geral da Câmara Mozart Vianna de Paiva, que agora assessora o presidente em exercício, era um dos que o aguardava. Temer, ao ver o forte abraço que ambos trocaram, brincou com Maia: "Não vai me levar o Mozart daqui não é?". Maia, rindo, respondeu que "já estava pensando nisso" e os dois entraram no gabinete, para uma rápida conversa a sós.
Chegaram ao Planalto em seguida o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso. O ministro Geddel Vieira Lima também acompanhou o encontro. O fato de ter um presidente da Câmara aliado, que exercerá o papel de vice-presidente durante as viagens internacionais do presidente em exercício, é "um alívio" para o governo, segundo assessores.
Nas conversas no Planalto, o resultado da votação da Comissão de Constituição e Justiça, que derrotou o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e mandou seu processo para o plenário, onde será apreciado em agosto, também foi rapidamente tratado. O consenso é de que o quadro é totalmente desfavorável ao peemedebista.
Com este capítulo encerrado há quem defenda que se comecem a destravar nomeações a partir da semana que vem. Uma delas deverá ser do Ministério do Turismo. O resultado da madrugada deixou claro o isolamento de Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde de Dilma que, de acordo com as primeiras avaliações, só conseguiu cerca de quatro dos 28 votos dos peemedebistas que estavam insatisfeitos e haviam anunciado alinhamento com ele. O esvaziamento de Castro ajuda no realinhamento que o governo terá de fazer agora, embora a avaliação inicial seja de que os danos decorrentes do processo dessa quarta são pequenos. Mesmo assim, um trabalho de conversa e aproximação com quem possa ter ficado chateado com alguma coisa será feito. Por isso mesmo, o governo vai conversar com todos os candidatos.
A vitória de Maia é boa para o governo principalmente porque acabou atingindo o Centrão, que sairia muito fortalecido caso Rogério Rosso (PSD-DF) vencesse. O sinal de que as coisas não ficaram tão ruins, na avaliação do governo, foi o abraço de Rosso e Maia.
Com relação a André Moura (PSC-SE), líder do governo na Câmara, ligado a Cunha, interlocutores do governo dizem que nada muda e que, com a vitória de Maia, os dois ganharam. Moura seguiria líder e Maia, agora, presidente da Câmara. "Duas forças importantes com seus respectivos importantes espaços".