Brasília, 16 - Acusado de envolvimento em esquema de corrupção e desvio de recursos na Caixa, o empresário Alexandre Margotto negocia um acordo de delação premiada com investigadores da Procuradoria-Geral da República. Ele informou a investigadores ter detalhes sobre tratativas de políticos e autoridades que frequentavam o escritório em São Paulo que mantinha com o corretor Lúcio Funaro, entre eles o atual ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco público.
Preso no início do mês, na Operação Sépsis, uma das fases da Lava Jato, Funaro é apontado como operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no esquema.
Margotto é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de receber parte das propinas pagas por empresas a Cunha e Funaro, em troca da liberação, pela Caixa, de investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Alvo de mandado de busca e apreensão na Sépsis, ele também foi sócio do ex-vice-presidente de Fundos e Loterias do banco Fábio Cleto, cujo acordo de colaboração baseou a denúncia oferecida pela PGR ao Supremo Tribunal Federal. Conforme investigadores ouvidos pelo Estado, as tratativas para a delação estão em fase inicial.
Geddel confirma as visitas ao escritório da dupla, mas não dá detalhes dos assuntos que tratou com o corretor, a quem chama de um conhecido. Ia por cortesia. Não foram tantas vezes, afirmou o ministro, que foi vice da Caixa de março de 2011 a dezembro de 2013. Antes, foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, de 2007 a 2010.
Além das visitas ao escritório em São Paulo, Geddel afirma que se encontrou com Funaro na capital federal. Os encontros, afirma, eram circunstanciais.
Geddel afirma não se recordar com exatidão do que tratava no escritório de Funaro, tampouco das datas e do número de vezes em que esteve no local. Afirmou também que o corretor nunca lhe fez pedidos relativos ao banco público. (Queria) saber de mercado, como é que estava: como vai, tudo bem?. Nem me recordo se era vice-presidente da Caixa.
Denúncia
- Conforme a Procuradoria-Geral da República, Margotto ficava com 4% das propinas pagas no esquema de corrupção na Caixa. A denúncia oferecida ao Supremo, que tramita em sigilo, atribui a ele 15 atos de corrupção passiva e 318 de lavagem de dinheiro. Numa eventual colaboração, ele diz que pretende implicar Funaro em outros esquemas.
A defesa de Funaro sustenta que provará a inocência de seu cliente e alega que Margotto tentou extorqui-lo. Num áudio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, o ex-parceiro do corretor pede dinheiro para não fazer denúncias contra ele, incluindo um suposto pagamento de suborno a um juiz. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..