As eleições municipais serão um grande teste para as novas regras impostas pela minirreforma política que vetou a doação de pessoas jurídicas a candidatos. Em tempos de Operação Lava-Jato, que demonstrou a promiscuidade nos financiamentos de campanha por grandes empreiteiras, com recursos desviados por meio de contratos bilionários com a Petrobras, a torneira das verbas políticas fica restrita às doações de pessoas físicas. Com o aperto no cinto, a grande pergunta é quem sai na frente. Para o advogado Marlon Reis, integrante do Comitê do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral, responsável pela Lei da Ficha Limpa, sem o direito fácil, a vantagem nessa corrida eleitoral será dos grupos organizados, como o dos religiosos.
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AGU lança cartilha que orienta conduta de agentes públicos nas eleiçõesDisputa entre prefeitos e ex-prefeitos promete esquentar eleições no Triângulo MineiroEleições deste ano buscam transparência na doaçãoPartidos desafiam a crise nas eleições de 2016Na mesma linha de Marlon, o advogado Wederson Advincula Siqueira, também especialista em direito eleitoral, diz que a próxima eleição será um “grande balão de ensaio”. E vai obrigar os candidatos a suar mais a camisa, retomando o velho corpo a corpo com o eleitor. Lembra ainda que não existe no Brasil a tradição de doações de pessoas físicas, o que torna o cenário ainda mais árido. “Nos Estados Unidos, onde esse tipo de financiamento é comum, ele irrigou a campanha de Barack Obama com a significativa quantia de U$ 500 milhões”, comenta.
Diante disso, Wederson acredita que alguns grupos políticos saiam mesmo na frente.
COFRES De acordo com a Receita Federal, em seu último levantamento realizado em 2012, a bilionária cifra de R$ 21,5 bilhões ingressou nos cofres das igrejas católicas e evangélicas. Com tanto dinheiro, os especialistas reconhecem que os grupos religiosos saem mesmo em vantagem em relação a movimentos sociais menos arrecadadores. Wederson, no entanto, adverte que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que há anos se recusava a admitir a tese, já reconhece o abuso do poder religioso em ações eleitorais, em razão de doutrinações, em suas jurisprudências.
Nas igrejas, segundo a Leão, As doações respondem por 72% do dinheiro em caixa. O restante equivale a rendimentos gerados com aluguel ou venda de bens, aplicações em renda fixa ou mesmo, em casos mais raros, operações em bolsa de valores.