Quatro anos depois de desistir de sua candidatura a prefeito para compor chapa com o então candidato à reeleição Marcio Lacerda (PSB), desta vez o vice-prefeito Délio Malheiros (PSD) descarta qualquer possibilidade de não disputar o comando de Belo Horizonte. E diz ainda ter “esperança” de ter Lacerda e o senador Aécio Neves (PSDB) ao seu lado nestas eleições – embora ambos já tenham anunciado apoio a outros candidatos. Para ele, o eleitorado deve digitar seu número nas urnas pelo seu histórico profissional e porque é um homem “correto e honesto”. Nesta entrevista ao Estado de Minas – a segunda da série, iniciada domingo, com os pré-candidatos a prefeito de BH –, Délio promete que, se eleito, vai dobrar o número de matrículas de crianças na educação infantil até o fim de seu mandato.
Por que o eleitor de Belo Horizonte deve votar no senhor para prefeito?
Porque eu tenho uma história grande com Belo Horizonte. Cheguei aqui com 16 anos de idade, menino vindo do Jequitinhonha, morei em república, estudei, trabalhei, construí minha família, exerci minha profissão de advogado por 25 anos, sempre na defesa do consumidor, me candidatei a vereador e a deputado e fui dos mais votados. Assumi a vice-prefeitura, fui secretário do Meio Ambiente, tenho uma experiência de trabalho pela cidade e pelas pessoas que vivem aqui. Tenho um histórico de homem correto, honesto. Portanto, acho que votando em mim o eleitor tem a garantia da continuidade das principais conquistas de Belo Horizonte.
Qual é hoje o principal problema de Belo Horizonte? Como o senhor vai resolvê-lo?
O maior desafio de Belo Horizonte é dar continuidade às conquistas na educação. É aumentar o índice de atendimento das Umeis, que hoje atendem 35% das crianças, e é preciso pelo menos uns quatro anos para chegar a 70%. A questão é melhorar a educação básica, melhorar a segurança pública, que é um problema sério. A segurança pública é um problema do estado e da União, mas você precisa assumir o compromisso de melhorar. E melhorar como? Aumentando o efetivo da guarda municipal, iluminando melhor a cidade, utilizando o centro de operações e integrando o sistema de câmeras particulares ao novo sistema público. Enfim, temos que adotar mecanismos para gastar muito, porque o grande desafio é melhorar a gestão pública sem gastar muito dinheiro.
Nas eleições de 2012 o senhor se apresentou como candidato de oposição ao prefeito Marcio Lacerda e poucos dias antes do registro da candidatura desistiu e ainda se aliou a ele. Que certeza o eleitor pode ter de que o senhor não vai desistir novamente?
Eu não vou desistir da minha candidatura, evidentemente que eu dependo de a convenção do partido aprovar o meu nome, mas não serei mais vice-prefeito em hipótese alguma. Meu único propósito é ser candidato a prefeito. O eleitor me acompanha há 12 anos e sabe que todas as minhas opções políticas não foram para atender aos meus interesses, mas os da cidade e do estado de Minas Gerais. Quando eu desisti de ser candidato para virar vice do Marcio também tinha um ingrediente ideológico. Eu sempre fiz oposição ao PT, e eu disse ao Marcio: se você deixar o PT, conte comigo. Como houve a cisão entre o Marcio e o PT, eu passei a apoiá-lo. Não estou arrependido, aprendi muito na administração. Eu tenho hoje uma bagagem bem maior da que tinha há quatro anos. Eu assumi vários problemas e ajudei a resolver vários problemas em Belo Horizonte.
O senhor se sente traído por Marcio Lacerda por ele não estar apoiando a sua candidatura?
Ninguém tem essa certeza. Nós estamos ainda no processo de conversas e diálogo com vários partidos. Com quem você não me vê conversar é com o PT, a quem sempre fiz oposição. Mas eu tenho conversado muito com o prefeito, com o senador (Aécio Neves) e o grupo dele, e tenha certeza de que muita coisa ainda pode acontecer até 15 de agosto, que é a data de registro das candidaturas. Eu não dou palpite no que acontece em outros partidos. Eu não falo no que acontecerá com o candidato do PSDB, o candidato do prefeito Marcio Lacerda e do PSB, mas tenho esperança e fiz a minha parte.
Qual é a sua esperança?
De ter ainda o apoio do Marcio Lacerda e, num consenso, até do grupo do senador Aécio Neves. Eu fiz a minha parte para construir essa situação. Eu não estou em um partido, nem no outro. E dialogo muito bem com os dois lados. A garantia da administração, dos bons projetos e da continuidade dessa aliança que deu certo é fechar em torno do meu nome. Contudo, se isso não for possível, tenha certeza de que eu vou fazer uma campanha limpa, barata, honesta, com o propósito de dar continuidade aos bons projetos e inovando, claro.
O senhor diz que tem boa relação com o prefeito e nunca trouxe problema a ele. Por que o prefeito não está com o senhor agora?
Pergunte a ele. Isso aí é uma questão complexa. Ele é presidente de um partido, que por sua vez exige às vezes o chamado cabeça de chapa. Eu não fui para o PSB para ir para um partido isento (ele saiu do PV e foi para o PSD) e que eu possa, no futuro, como está acontecendo agora, quem sabe ter o apoio dos dois lados. Eu ainda nutro essa hipótese porque eu trabalhei para isso e tenho essa condição de suceder ao prefeito Marcio Lacerda e de ter o apoio de toda a estrutura na minha campanha.
Com quem o senhor espera contar em um eventual segundo turno?
Eu vou olhar o que for melhor para Belo Horizonte. Espero estar no segundo turno e ter o apoio daquele que não passou para o segundo turno. Consequentemente, e em face da minha história, que seja alguém ligado ao Marcio Lacerda e ao senador, porque é um grupo político só.