Fortaleza, 19 - Ex-líder do governo da presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara e atual líder da minoria, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), afirmou na noite dessa segunda-feira, 18, em Fortaleza, que o PT está "trabalhando silenciosamente" para a volta de Dilma ao Palácio do Planalto. Guimarães disse acreditar na possibilidade de reversão do impeachment no plenário do Senado e defendeu um "novo pacto" com a população caso Dilma volte à Presidência.
"Nós estamos trabalhando silenciosamente, que é a melhor estratégia. Dialogando, conversando. Todas as indicações que temos é que tem grandes possibilidades de reversão. Aliado a isso, há fatos relevantes, como o parecer do Ministério Público, recente, que é uma água nos golpistas", afirmou Guimarães em lançamento do Anuário do Ceará, publicação do Grupo de Comunicação "O Povo".
O deputado se refere à conclusão - contida no parecer que o Ministério Púbico do Distrito Federal enviado à Justiça na última quinta-feira, 14 - de que as pedaladas fiscais não configuram crimes comuns, inclusive as que embasam o processo de impeachment de Dilma.
O MPF conclui, no entanto, que as manobras visaram maquiar as contas públicas, principalmente no ano eleitoral de 2014, havendo improbidade administrativa - um delito civil. Apesar disso, o líder da minoria acredita que o documento inviabiliza, tecnicamente, o processo de impeachment.
Guimarães diz que o momento é de vencer a "batalha política" e, segundo ele, isso só será possível com mobilização. O deputado condiciona o êxito da reversão do processo de afastamento de Dilma ao público que deverá comparecer nas manifestações contra o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), organizadas pela Frente Povo Sem Medo e marcadas para o dia 31 de julho.
"Do ponto de vista técnico, nós já vencemos a batalha. A batalha agora é política. Na busca de voto e, principalmente, nas mobilizações sociais. Dia 31 de julho, todos nas ruas. Se as ruas se mobilizarem, a gente consegue reverter definitivamente este impeachment no Senado", avaliou.
Em caso de volta, o líder reafirmou que será um novo governo e que Dilma deve fazer um novo pacto com os brasileiros. "Repactuar o País. E esta repactuação passa por nenhum direito a menos. E a partir daí conversar com o Congresso e com a sociedade. É outro governo. É outro pacto. E esse pacto é que dará nova governabilidade", defendeu.
Segundo interlocutores do deputado, ele tem trabalhado nos bastidores no Senado e tratado com parlamentares ainda indecisos sobre o afastamento de Dilma Rousseff.