São Paulo - Em seu primeiro depoimento diante do juiz da Lava-Jato, o marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas eleitorais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), confessou que mentiu à Polícia Federal quando depôs aos investigadores em fevereiro deste ano, logo após ser preso pela Lava-Jato, para "preservar" a presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
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Conta de João Santana teria recebido US$ 16,6 milhões da OdebrechtMarqueteiro diz que é preciso 'rasgar véu de hipocrisia' sobre doações eleitoraisMarqueteiros confessam que receberam US$ 4,5 mi de caixa 2 de campanha de DilmaEm entrevista, Dilma diz que não participará da Rio 2016 em 'posição secundária'TCU dá mais 30 dias para Dilma se defender sobre contas de 2015Moro homologa delação de executivos do 'banco da propina' da Odebrecht'Se houve caixa 2, não foi com meu conhecimento' afirma Dilma em entrevistaNesta quinta-feira, 21, o casal negou sua própria versão inicial e admitiu ter recebido o caixa 2 de US$ 4,5 milhões para quitar uma dívida da campanha de Dilma de 2010. João Santana citou três fatores que, segundo ele, pesaram para que mentisse em seu primeiro depoimento à Polícia Federal: o psicológico (o "susto" da prisão, ele disse que não imaginava que seria preso), o "profissional" (queria manter o sigilo do contrato com o PT) e o "político".
Em relação ao terceiro fator, Santana, que atuava como conselheiro de campanhas e estratégias eleitorais da petista, disse que não queria "destruir a Presidência", em um momento em que o impeachment de Dilma Rousseff era discutido na Câmara.
"Eu raciocinava comigo, eu que ajudei de certa maneira a eleição dela não seria a pessoa que iria destruir a Presidência, trazer um problema. Nessa época já iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto, e sabia que isso poderia gerar um grave problema até para o próprio Brasil", afirmou.
A assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff foi consultada pela reportagem e informou que não iria se posicionar sobre o caso neste momento..