Os impactos negativos das grandes operações de combate à corrupção e a falta de dinheiro das empresas para bancar campanhas devem afastar os parlamentares das urnas na disputa eleitoral às prefeituras este ano. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) estima que o número de deputados e senadores candidatos cairá quase à metade. Em 2012, 92 parlamentares tentaram trocar de mandato eletivo. Agora, no máximo 50 arriscarão a peneira das urnas municipais, avalia o diretor da entidade, Antonio Augusto Queiroz. O Diap deve concluir um levantamento preciso nos próximos dias, mas o cenário mostra uma maior cautela dos políticos. Seguindo a mesma tendência, cerca de 10 devem ser eleitos – a média em anos anteriores foi de 20. A queda tende a ser a mais alta dos últimos 24 anos.
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Agora, a situação é diferente. “A possibilidade de fazer o inverso é maior”, disse Queiroz. “Eles vão queimar o filme deles diante da má avaliação dos políticos. Em vez de oxigenar, eles queimam a própria imagem”, continuou. Outro item que pesa nessa decisão é a falta de dinheiro. O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu as doações de campanha de empresas, as principais financiadoras das eleições.
Retrospecto
Inquéritos e denúncias da Operação Lava-Jato, indicam que as doações oficiais ainda eram usadas para pagar propina derivada de contratos das empreiteiras com órgãos públicos. Em tese, isso pioraria a imagem de um empresário que insistisse em fazer doações a partir de seu patrimônio pessoal. Um fato deve permanecer semelhante ao das últimas eleições: a baixa participação de senadores na disputa. Em média, apenas dois concorrem aos cargos de prefeito ou vice-prefeito. Este ano, avalia Antonio Queiroz, serão apenas dois. Marta Suplicy (PMDB), em São Paulo, e Marcelo Crivella (PRB), no Rio de Janeiro.
Em 2012, dos cinco senadores e 87 deputados que foram às urnas, apenas 25 ganharam as eleições. Todos eram deputados.
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