Jornal Estado de Minas

Temer busca apoio de senadores indecisos sobre impeachment


De olho no voto dos senadores considerados indecisos em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que será votado definitivamente em agosto, o presidente interino Michel Temer intensificou conversas com parlamentares. Na segunda-feira (25), o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-ministro da gestão petista, participou de reunião com Temer no Palácio do Planalto. Oficialmente, o encontro ocorreu para tratar de assuntos relativos ao Orçamento de 2017. Nos bastidores, circula a informação de que Braga teria decidido votar a favor do impedimento da petista.

Ele espera que Temer ajude a fazer com que o processo de cassação do governador do Amazonas, José de Melo, que se encontra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tenha celeridade. Em caso de cassação, Braga assumiria o posto, já que ficou em segundo lugar nas eleições. Em janeiro, Melo teve mandato cassado por compras de votos e recorreu da decisão. Ele é acusado de abuso de poder por meio de distribuição de tablets para alunos da rede pública, reajuste do salário de servidores públicos, entrega de equipamentos de saúde no interior do estado, uso de imagens institucionais em propaganda eleitoral obrigatória, entre outros fatos citados no processo. O caso chegou ao TSE em abril.

A assessoria de imprensa de Braga confirmou o encontro com o presidente interino, mas informou que o senador ainda não decidiu tornar público o seu voto sobre o afastamento definitivo de Dilma Rousseff.
O senador, por meio de assessores, comunicou que é relator do Orçamento e que esteve uma hora antes com o ministro do Planejamento, Diogo Oliveira, para tratar de fundos setoriais. A assessoria afirmou que ele não votou pela admissibilidade do processo porque estava de licença médica. Agora, ele estará na sessão que decidirá o futuro da presidente afastada.

Petistas ouvidos reservadamente pelo Correio comentaram que não contavam com o voto de Braga. No entanto, avaliaram que o movimento articulado com Temer pode virar o voto do senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do governador José Melo. A nova oposição avalia que o cenário para a presidente afastada ainda é bastante difícil.

Na primeira votação do Senado, houve 55 votos favoráveis à admissibilidade do processo de impedimento e 22 contrários. Para voltar ao poder, a presidente precisa fazer, no mínimo, 28 votos. Dessa maneira, se for considerado o quórum cheio de 81 senadores, os governistas ficariam no máximo com 53 votos e não atingiriam os dois terços necessários para o afastamento definitivo.

Até lá, Dilma deve soltar uma carta ao povo brasileiro.
A data ainda não foi definida. Um ala petista defende que a mensagem seja divulgada nesta semana porque criaria um fato político durante o recesso parlamentar. Ela apresentaria medidas a serem tomadas em caso de retorno. No próprio partido da presidente afastada, existe a avaliação de que faltou amparo à proposta de chamamento de novas eleições como moeda para a volta da petista..