Jornal Estado de Minas

"Só desisto por força divina", diz deputado Sargento Rodrigues, candidato à PBH


Assegurando que só desiste de concorrer à Prefeitura de Belo Horizonte se for “por determinação de Deus”, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT) afirmou ao Estado de Minas que pretende “cuidar das pessoas” da cidade, caso seja eleito. Sem experiência no Executivo, mas no quinto mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ele afirma que sua atuação já superou a questão apenas de segurança pública – que o alçou ao posto de parlamentar –, e que aponta como principal problema de BH. Apesar disso, Rodrigues pretende atuar para reduzir a violência na capital com programas de inclusão social, como a escola integrada, e utilizando as prerrogativas de controle urbano, uma incumbência do município.


Por que o eleitor de Belo Horizonte deve votar no senhor?
Primeiro, porque nós representamos o novo. Segundo, porque o eleitor, além de querer o novo, ele não quer os caciques tradicionais da política. Ele (eleitor) tem algumas necessidades no serviço público e que certamente identificará muito com nosso trabalho e com nossas propostas. As pesquisas que nós estamos tendo acesso a elas, tanto as que eu encomendei quanto as outras, a gente percebe claramente que são as áreas da saúde e segurança pública. E o nosso partido sempre teve como bandeira a educação em tempo integral. Então, partindo desse pressuposto, o eleitor quer é uma pessoa de pulso firme, séria, confiável, que tenha dado demonstração, ao longo de sua trajetória, dessas características e que seja realmente comprometida com o bem-estar da coletividade.

Qual o principal problema de BH e como o senhor fará para resolvê-lo?
As pesquisas apontam, sem sombra de dúvida, que é questão da segurança pública.

Nós temos duas maneiras claras de atuar nessa área. Primeiro, utilizar as agências municipais: Guarda Municipal, BHTrans, Secretaria de Regulação Urbana e a Vigilância Sanitária, aliadas ao Código de Postura, que é uma ferramenta extremamente importante para a segurança pública. A outra ponta é algo que tem a ver com as bandeiras do partido e com aquilo que realmente uma cidade, estado e país precisam, que é utilizar formas de diminuir os índices de violência por meio da prevenção social. São duas frentes muito importantes.

Mas e em locais onde essa vulnerabilidade social não é tão intensa, como na Região Centro-Sul? Como o senhor pretende atuar, principalmente porque segurança pública é uma incumbência do estado?
Por ser especialista na área de segurança a gente conhece quais são as atribuições da União, estado e município. Você tem nas agências municipais a ordenação do espaço público. O espaço público é muito mais problema do prefeito que do estado, porque é um problema eminentemente local. Então, se você tem na Avenida Raja Gabaglia restaurantes, casas de show e eventos, onde, por exemplo, você tem atuação de flanelinhas, tá faltando ordenação e ocupação do espaço público e fiscalização.
Em Diadema (SP), por exemplo, os índices de homicídio estavam altíssimos e depois de sentarem o Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Câmara Municipal e prefeitura, descobriram que uma única ação no Código de Postura resolveria muito o problema. O prefeito baixou um decreto regulamentando um artigo do código proibindo a venda de bebida alcoólica após as 22h. A queda do número de homicídio foi drástica. Não foram utilizadas Polícia Militar, Polícia Civil, não houve ação do Ministério Público nem do Poder Judiciário. Por isso eu digo: 90% dos prefeitos não sabem usar o que têm em mãos.

A base eleitoral do senhor foi construída, a princípio, a partir de sua vivência e atuação no campo da segurança pública. Como o senhor pretende expandir essa base de eleitores para se tornar prefeito?
Ledo engano. Pesquisas mostram que nós já extrapolamos isso há muito tempo, até porque tenho eleitores de várias áreas. Pesquisas encomendadas por nós mostram nosso nome em segundo lugar.
Então, não é bem assim, não. Quem aparece em segundo lugar em uma pesquisa espontânea não é só porque tem voto segmentado.

Mas o fato de o senhor ter a palavra “sargento” já vai chamar a atenção para essa questão...
Na hora que o segmento da segurança pública – policial civil, policial militar, bombeiro e tantos outros servidores públicos, que batem aqui na nossa porta – ele é atendido e esse é nosso diferencial. À medida que nós fomos exercendo os mandatos, eles (os eleitores) foram percebendo que aquele segmento que me acompanhava era bem-sucedido nas suas solicitações e pensaram: parece que esse deputado é bom de serviço e persistente. Outras categorias de servidores vieram à nossa procura e foram aqui muito bem atendidas e tiveram nossa atuação muito firme em defesa dos seus encaminhamentos. O que aconteceu depois do quinto mandato (como deputado) foi que o voto expandiu.

O senhor está no quinto mandato como deputado, ou seja, tem experiência no Legislativo, mas no Executivo ainda não tem. E aí?
A primeira coisa que você deve lembrar é que candidato sem experiência, nem em Executivo nem em Legislativo, está cheio por aí. Têm vários nomes. Desses nomes colocados, ou postulantes, eu até agora não vi nenhum com experiência de ter exercido o Poder Executivo. Mas, por outro lado, a melhor experiência que o cidadão deseja, no meu caso, é que eu saberei conversar com os vereadores, com a Câmara Municipal. Nisso.
eu uso a experiência que tenho no Legislativo, que é de fundamental importância para governar o município, estado e a União. E essa experiência que a gente tem como legislador vai nos facilitar dialogar e teremos uma relação extremamente republicana com os nossos vereadores, porque quando você atende à demanda do vereador, você está atendendo à demanda da comunidade. Mas o que o eleitor mais espera neste momento é que o candidato seja honesto, confiável, firme nas suas decisões, corajoso, mas, acima de tudo, que respeite a coisa pública. O eleitor está enojado com a bandalheira na classe política.

Nas últimas eleições, nós tivemos, inicialmente, muitos candidatos, mas depois esse número caiu por causa das alianças. O senhor garante que vai seguir com sua candidatura ou algum acordo pode mudar esse quadro?
O acordo que eu quero fazer é de atrair outras legendas, melhorar o tempo de televisão para que a gente chegue melhor ao eleitor. Só que isso não é coisa que pode tirar minha determinação de ser candidato. Só por determinação divina.

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