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Dilma disse nesta quarta-feira, 27, em entrevista, estar disposta a participar das eleições municipais, "se for convidada", apoiando candidatos "da grande base progressista". Nos bastidores, porém, a equipe de Haddad prefere que ela não apareça em São Paulo.
A ideia é vestir no prefeito o figurino do homem preparado para fazer "mais e melhor". Auxiliares de Haddad estão convencidos de que as crises envolvendo o PT, Lula e o governo Dilma ofuscaram o trabalho dele. Haddad é um dos que mais se opõem à ideia de "nacionalizar" a campanha, defendida por candidatos no Nordeste.
"Mas qual o motivo para não mostrar a Dilma?", perguntou o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza. "Não temos como fugir dessa nacionalização, embora o que esteja em jogo sejam as propostas para melhorar a vida das pessoas."
Comunicação
A ordem da cúpula petista é aproveitar a propaganda no rádio e na TV - que começa em 26 de agosto, quando a votação do afastamento definitivo de Dilma deve ter início no Senado - para também jogar luz sobre experiências bem-sucedidas nos quase 14 anos do PT no Palácio do Planalto.
Haddad, no entanto, acha que pecou na divulgação de suas ações e precisa mostrar o que fez, descolando-se dos malfeitos do PT.
Na prática, a eleição em São Paulo, considerada a "joia da coroa", é vista como a antessala da briga presidencial de 2018. Os maiores adversários de Haddad, hoje, são Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e João Doria (PSDB).
Nordeste
Na outra ponta, o Nordeste, antigo reduto do PT, ainda exibe o maior índice de apoio a Dilma e Lula, o que faz muita diferença na definição do discurso de campanha. Na região, candidatos do PT querem associar o possível impeachment ao corte de programas sociais, apresentando-se como os nomes capazes de reverter a perda dos benefícios nas cidades.
A maior aposta do PT no Nordeste é a candidatura de João Paulo à prefeitura do Recife. Quatro anos após a debacle que se abateu sobre o partido na capital pernambucana - quando o então governador Eduardo Campos, morto em 2014, emplacou seu afilhado Geraldo Júlio (PSB) na prefeitura -, João Paulo aparece bem posicionado nas pesquisas.
"Se o PT souber capitalizar essa ideia do golpe nas eleições municipais, poderemos vencer a batalha, principalmente no Nordeste", afirmou o deputado federal José Guimarães (CE), ex-líder do governo Dilma e um dos vice-presidentes do PT. "A 'nacionalização' ajuda muito no Nordeste e no Rio, mas em São Paulo admito que o terreno é mais hostil", emendou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).