"Sim, eu me arrependo, mas naquele momento a cidade não tinha condição. Vou ser prefeita que não aumentará mais taxa. Quando peguei a cidade, ela estava arrasada e trabalhava com um orçamento de R$ 13 bilhões, hoje seriam uns R$ 30 bilhões; o prefeito (Fernando Haddad) trabalha com mais de R$ 50 bilhões", justificou.
Marta disse ainda ter ficado "furiosa" com as críticas de que deixou o mandato com um rombo financeiro, feitas pelo seu sucessor e atual ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), hoje seu aliado político. "Fiquei furiosa porque não era verdade. Mas era um movimento político do ardor da campanha e são águas passadas que a política releva", disse.
A pré-candidata, que terá seu nome ratificado para disputar a prefeitura no próximo sábado (30), afirmou que a "prioridade máxima", caso seja eleita, será a área da Saúde, principalmente com a melhoria da gestão nos procedimentos para os cidadãos atendidos pela rede pública.
Ela prometeu ainda fazer uma "revolução" na Educação, com um programa de qualificação de professores da rede municipal de ensino, além da melhoria e construção de novos Centros Educacionais Unificados (CEUs), uma das marcas de sua primeira gestão.
Marta não se posicionou abertamente se reverteria a redução feita por Haddad na velocidade máxima das marginais Tietê e Pinheiros - de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas e de 70 km/h para 50 km/h nas locais - mas disse que acabará com a "indústria da multa" criada pela Prefeitura.
A ex-prefeita afirmou ainda que irá rever as regras de operação do Uber em São Paulo, apesar de considerar o serviço como importante, e considerou o polêmico processo de desregulamentação do transporte por meio do aplicativo como um "desastre" e uma "marca do improviso que caracteriza a Prefeitura".
Ainda sobre mobilidade, Marta ironizou a proposta do tucano João Doria de conceder os corredores de ônibus à iniciativa privada. A medida, segundo ela, não trará retorno ao possível investidor. "Eu dei até risada, porque o corredor de ônibus é concretado, é caro de se fazer. Qual o retorno para quem investe? (...) Me pareceu uma febre de privatização de quem não tem conhecimento profundo da cidade. Daqui a pouco vai privatizar a avenida Brasil", criticou.
Sobre outras propostas polêmicas, a senadora disse ser contra a privatização do Pacaembu, "um monumento da cidade", segundo ela, mas que é possível até avaliar a privatização do autódromo de Interlagos e uma concessão do Anhembi.
Ela disse gostar das ciclovias criadas por Haddad, mas avaliou que a implantação do modal foi feito sem critérios, com pouquíssimo planejamento pelo seu adversário. "Na periferia tem pouca ciclovia e é só 'ciclotinta'. Ele não pensou ainda em modal integrado, quis fazer quilometragem grande", afirmou.
A ex-prefeita afirmou ainda que irá acabar com o programa "Braços Abertos", criado por Haddad para usuários de drogas, principalmente na Cracolândia, região central da capital paulista. Para ela, o programa que remunera viciados que trabalham na região e ainda concedem aluguéis sociais é uma "política de redução de danos" e será substituída por uma que política de buscar a abstinência do viciado.
"Vamos construir quatro centros na cidade, um deles na região central, que funcionariam como lugares de internação 24 horas por dia", disse Marta, que defendeu ainda internação involuntária de viciados com risco de vida.