São Paulo - A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifestou nessa quinta-feira, 28, seu repúdio à petição encaminhada pelo ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) na qual denuncia o juiz Sérgio Moro e os procuradores da República que atuam na Operação Lava-Jato por "falta de imparcialidade" e "abuso de poder."
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Lula acusa Moro na ONU de 'manter suspeitos presos para forçar delação premiada'Lula entra com recurso na ONU contra 'abuso de poder' do juiz Sérgio MoroONU diz que não examinou admissibilidade do caso LulaONU aceita recurso de Lula contra Moro e procuradores da Lava-JatoAssessor de Teori endossa abaixo-assinado a favor de LulaEm despacho, Moro 'desabafa' sobre demora do sistema criminal'Menos de 4% das decisões de Moro foram reformadas', afirmam juízesONU diz que denúncia de Lula contra Moro pode levar pelo menos 2 anos"O Brasil possui órgãos constituídos de controle interno e externo para acompanhar o trabalho desempenhado pela magistratura. É inadmissível a utilização de quaisquer outros meios, que não os legais e constitucionalmente estabelecidos, para tentar inibir o trabalho de agentes públicos no desempenho de suas funções", diz a nota.
Para a entidade, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato é exemplo da intimidação aos magistrados de todo o País e "tem sido alvo recorrente de grande pressão" por sua atuação na operação.
No texto, a associação ainda reitera as críticas ao Projeto de Lei do Senado (PLS) que altera os crimes de abuso de autoridade. "Nas entrelinhas, o projeto prevê uma série de penalidades para tentar paralisar juízes e juízas, além de procuradores e policias, por desempenharem o seu ofício como determina a legislação", diz a entidade lembrando que, caso estivesse em vigor, a lei inviabilizaria uma operação como a Lava Jato.
"O País e toda a sociedade precisam estar atentos aos ataques contra o Poder Judiciário, para que tal absurdo não avance no Congresso Nacional, com o único objetivo de favorecer investigados e envolvidos em grandes casos de corrupção", segue a nota da AMB.
Por fim, a entidade aponta a importância de um "Judiciário forte e independente" e diz que qualquer movimento contrário "será um retrocesso contra a transparência e a resposta que o povo brasileiro espera no combate à corrupção"..