Brasília - O ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, saiu em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou réu nesta sexta-feira pela Justiça Federal de Brasília no inquérito em que ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Para Cardozo, o processo de Lula não deve interferir no impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Cardozo disse que tem "absoluta convicção de que Lula irá apresentar a sua defesa e provar a sua inocência". O ex-presidente é acusado de tentar obstruir a Justiça.
"Esse é um processo criminal que está começando e o presidente Lula não teve ainda a oportunidade de fazer a sua defesa, agora ele terá a oportunidade de mostrar os fatos. Infelizmente as pessoas prejulgam quando lhes interessam", disse. "Talvez que venha essa situação para o bem, para ele mostrar o que realmente aconteceu, o que não podemos é prejulgar", defendeu.
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Lula: se queriam me tirar da disputa em 2018, isso não era precisoJuiz dá prazo de vinte dias para Lula se defenderLula vira réu na Lava-Jato, acusado de tentar obstruir a JustiçaSTF define data para julgamento final do impeachment de DilmaProcesso contra Lula enfraquece Dilma e deve impactar eleições municipaisQuestionado sobre qual função é mais difícil de exercer, entre ser o defensor de Dilma no processo impeachment e ministro da Justiça, Cardozo disse que como ministro era criticado de forma unânime, tanto pela oposição, como por aliados. Ele disse que é mais fácil ser o advogado de Dilma, pois a defesa da presidente afastada é muito "clara e evidente". "Mesmo os que não concordam com a gente têm que reconhecer que há razão no que está sendo falado (pela defesa da presidente). Enquanto como ministro você fica entre dois fogos, enquanto advogado eu sinto menos fogo até de quem não pensa como eu penso.
O ex-ministro disse que não possui nenhum problema com o PT. Desde que entrou no partido, na década de 1980, afirmou que sua trajetória foi marcada por muitas disputas e críticas muito pesadas, mas que isso não o fez desacreditar no projeto e nem guardar mágoas da legenda. "Eu sei que muitas pessoas no meu partido erraram, como pessoas de todos os partidos erram, mas eu não posso confundir as convicções, as crenças e as bandeiras com situações de pessoas que cometem equívocos. Por isso, continuo defendendo o projeto de PT, de transformação, de combate à exclusão social, de apego à democracia (...). Se alguém no PT cometeu erros, que pague, mas que não se criminalize a instituição." Ele disse ainda que está à inteira disposição para participar da campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, à reeleição..