Jornal Estado de Minas

Menores que em abril, atos pró e contra o impeachment tomam praças de BH


Após alguns meses sem grandes manifestações em Belo Horizonte, movimentos contrários e favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República voltaram a ocupar  neste domingo as ruas da cidade. As mobilizações, porém, foram mais modestas que os atos de abril, ocorridos às vésperas da votação da admissibilidade do impeachment na Câmara dos Deputados. A Polícia Militar informou que não fez estimativa de público dos atos.

Lideranças dos dois grupos acreditam que as manifestações deverão retomar fôlego ao longo de agosto, à medida que o julgamento de Dilma no Senado se aproxime de uma conclusão.

O julgamento do impeachment deverá começar no Senado no dia 29 de agosto e durar uma semana. São necessários dois terços dos votos para que o afastamento definitivo de Dilma Rousseff se concretize. Isso significa que 54 dos 81 senadores precisam ser a favor do impeachment. Em maio, quando foi votada no Senado a admissibilidade do processo, dos 78 presentes, 55 foram a favor e 22 contra. O presidente da casa, Renan Calheiros, não votou.

Novos focos

O ato a favor do impeachment, que começou na Praça da Liberdade, às 10h, foi liderado pelos movimentos Vem pra Rua e Patriotas. O Movimento Brasil Livre (MBL), que também defende o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, não participou da organização do ato dessa vez.
Em nota, o grupo informou que apoia a manifestação, mas que decidiu “focar os esforços em atos que serão marcados em data mais próxima à votação do Senado”.

A médica e líder do Vem pra Rua, Kátia Pegos, lamentou a ausência do MBL. “Estamos em final de férias e houve um desacordo com outros grupos em relação a datas. Mas é uma mobilização qualificada. As pessoas que estão aqui, cada vez mais, sabem porque estão na rua. E um dos nossos objetivos é justamente a conscientização da população”, disse.

Para Kátia, o impeachment está praticamente consolidado e ela disse não acreditar numa reviravolta favorável a Dilma. Segundo a líder do Vem pra Rua, as próximas mobilizações serão maiores e terão novos focos. “É o início de um novo ciclo.
A Lava Jato vem sofrendo ataques reiterados e nós precisamos defendê-la e aqui, em Minas Gerais, temos um governador nitidamente envolvido em corrupção”.

O governador Fernando Pimentel já foi alvo do protesto de hoje. Os manifestantes organizaram um varal com fotos de todos os deputados estaduais que não assinaram na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito contra o gestor. “O PMDB nacional se descompatibilizou do PT, mas no estado continua dando apoio ao governo petista”, criticou Kátia Pegos.

Contra o impeachment

Os manifestantes favoráveis à presidenta afastada Dilma Rousseff também organizaram um varal e reuniram cartazes com palavras de ordem contra o governo interino de Michel Temer. Um das pautas em destaque foi a defesa da exploração do pré-sal pela Petrobras. O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Leopoldino Martins, criticou a recente decisão da estatal de vender por US$ 2,5 bilhões a participação em um bloco exploratório na área do pré-sal da Bacia de Santos. “Esse bloco poderia render cerca de R$22 bilhões. É um prejuízo maior do que os desvios da Lava-Jato”, comparou.

O ato pró-Dilma se concentrou na Praça Sete, também às 10h, e foi convocado pela Frente Povo Sem Medo, que reúne diversas entidades e movimentos sociais. Nos adesivos, cartazes e discursos do grupo, “Fora Temer” era a principal palavra de ordem.
“Nós temos a compreensão de que o que está acontecendo no Brasil é uma grande golpe contra a classe trabalhadora. Basta ver as medidas que o Temer está querendo implementar. Ele quer aumentar o pagamento de juros da dívida pública, reduzir o papel da Petrobras, acabar com o Minha Casa Minha Vida, privatizar os Correios, a Caixa e o Banco do Brasil”, criticou Leonardo Péricles, líder da Frente Povo Sem Medo.

Segundo Péricles, os movimentos contrários ao impeachment farão nova manifestação em Belo Horizonte no próximo dia 9, dessa vez com participação da Frente Brasil Popular, que reúne entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

“Estamos acumulando forças para a agenda de agosto e a tendência é que as mobilizações aumentem”, disse. Segundo o líder da Frente Povo Sem Medo, as manifestações nas ruas podem influenciar a votação do impeachment no Senado. “Depende das mobilizações de rua. Há vários exemplos de que o povo tem condições de influenciar as decisões do país. O mais recente são as jornadas de 2013, quando milhares de pessoas foram para as ruas e conseguiram abaixar o valor das passagens de ônibus em cerca de 200 cidades do país”, lembrou..