Jornal Estado de Minas

Convenções indicam disputa acirrada pela Prefeitura de BH

O PPS decidiu se aliar ao PSDB. Vice de João Leite será Ronaldo Gontijo - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press
Kalil, com Daniel Nepomuceno: candidato do PHS 'sem padrinho' - Foto: Uarlen Valério/Divulgação PHS
O tempo ficou quente na convenção do PDT, com briga entre militantes - Foto: PDT/Assessoria de Comunicação
Marcelo Álvaro Antônio é o candidato do PR, que vai se coligar com o PSDC - Foto: João Paulo Costa/Divulgação

O último fim de semana de convenções para confirmar os candidatos na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte foi de muita tensão, articulações de bastidores para desfalcar ou engrossar a chapa alheia, trocas de farpas e até briga de militantes. Foram oficializadas pelos partidos as candidaturas do economista Paulo Brant, pelo PSB, do ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, pelo PHS, e do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, do PR. Já o PPS escolheu o vice na chapa do deputado estadual João Leite (PSDB), que será o vereador Ronaldo Gontijo. Por causa de um grande tumulto, o PDT, que tinha como certo o lançamento do deputado Sargento Rodrigues, teve de adiar sua decisão. Até sexta-feira, os partidos fecham o cenário, que caminha para ser o de uma eleição pulverizada.

O PSB oficializou ontem o nome de Paulo Brant. O candidato afirmou que a falta de experiência na vida política não será um problema para sua administração e apontou como temas principais de sua campanha a saúde, a segurança e a mobilidade urbana. Ex-secretário de Cultura em Minas e ex-presidente da Cenibra, Brant disse preferir não se envolver nos embates com tucanos e petistas. “Não estou olhando em volta.

Estou fazendo o que tem que ser feito”, disse o candidato.

Já o padrinho político de Brant, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), deu uma mostra de que as boas relações com os tucanos acabaram, assim como a aliança que os uniu nas últimas duas eleições. O socialista criticou a escolha do deputado estadual João Leite para concorrer pelo PSDB e disse que pesquisas internas mostram que a cidade quer um nome técnico para comandar a cidade. “Acredito que tenha uma certa frustração por parte do PSDB por não estarmos apoiando a candidatura imposta – e a palavra certa é essa mesmo – pelo PSDB”, disse o prefeito. Segundo Lacerda os socialistas se mobilizaram para que houvesse um consenso com os tucanos na eleição. “Trabalhamos para convencer o PSDB e seus aliados de que a opção João Leite não era a melhor para Belo Horizonte”, explicou.

Questionado sobre a posição do vice-prefeito Délio Malheiros (PSD), que ameaçou deixar a cadeira na atual gestão, caso o PSB consiga o apoio do PSD nas eleições, Lacerda afirmou que chegou a sugerir a união em torno dele mas o PSDB não quis. “Houve uma nova tentativa em junho do PSDB para reeditar a aliança em torno de Délio, mas já não era mais possível porque a candidatura de Brant estava lançada”, contou Lacerda.

Aliança João Leite, que foi confirmado pelo PSDB na quinta-feira, teve ontem a definição do seu vice na chapa, o vereador Ronaldo Gontijo, na convenção do PPS, que também era disputado por Paulo Brant. Foram 201 votos a favor da aliança com o PSDB e 68 pela união com o PSB de Lacerda e Brant.

Internamente, o grupo da ex-vereadora Luzia Ferreira, que é muito próxima de Lacerda, defendia a aliança com Paulo Brant.

Já o trabalho pela união com os tucanos foi feito por Ronaldo Gontijo, que acabou escolhido como vice na chapa. “Acho que a mudança que as pessoas querem tem de ser pela política e não por meio de um nome técnico”, afirmou Gontijo em referência ao argumento do prefeito Lacerda de que a população defende um técnico à frente da PBH.

Logo depois da aprovação, Ronaldo Gontijo, que foi líder de governo de Lacerda, teve a primeira conversa com João Leite sobre a campanha e o plano de governo a ser apresentado. A presidente estadual do PPS, Luzia Ferreira, que saiu derrotada na convenção, disse que a corrente vencedora “terá o apoio de todo o partido”.

Chefe


O ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, que teve o nome confirmado na disputa pela prefeitura em convenção do PHS, usou algumas das primeiras falas como candidato para criticar os adversários. “Eu não tenho chefe, não tenho padrinho, eu não fui fabricado por ninguém. A prefeitura vai ter um chefe. Se Deus me der essa oportunidade, não tem papaizinho nem chefinho, o responsável está aqui, é ele o responsável pela mazela ou pelo bem-estar do povo de BH”, disse.

A referência de Kalil é a três dos principais nomes na disputa: o engenheiro Paulo Brant, apadrinhado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), o deputado estadual João Leite, lançado pelo senador Aécio Neves (PSDB), e o deputado federal Reginaldo Lopes, candidato do governador Fernando Pimentel (PT). Em estilo bem popular, o empresário não fez discurso. Em vez disso participou de um bate-papo com eleitores da capital e disse que não vai priorizar construções, mas cuidar de gente.

“É não construir. Vamos pela primeira vez na história desta cidade fazer funcionar”, afirmou.

Quem também teve o nome chancelado em convenção do partido ontem foi o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PR). No evento, o partido também confirmou a coligação com o PSDC, que lançará 41 candidatos a vereador. Participaram do ato cerca de 500 pessoas, incluindo dirigentes estadual e nacional do PR e o deputado federal Wellington Prado (PMB).

Marcelo Álvaro Antônio disse que sua campanha passa por atender aos anseios das pessoas que mais precisam. “Andei pelas nove regionais e percebi muito claramente que as pessoas nas vilas e comunidades se ajudam. Isso quer dizer que a administração pública está ausente. Não podemos fugir dos problemas das áreas mais vulneráveis da cidade, mas sim resolvê-los de forma colaborativa. Isso só é possível através de uma gestão participativa”, afirmou.

Tumulto adia escolha de nome no PDT



Na Assembleia Legislativa o clima foi tenso e militantes do PDT chegaram a trocar agressões físicas durante a convenção que confirmaria o nome do deputado estadual Sargento Rodrigues como candidato à prefeitura. A confusão foi tanta que a decisão foi adiada para quinta-feira.
Enquanto parte da legenda defendeu a candidatura própria de Rodrigues, outra ala, liderada pelo vereador Bruno Miranda, pregou a adesão ao engenheiro Paulo Brant (PSB).

Pessoas de grupos diferentes não deixavam os integrantes da outra frente falar. Xingamentos e gritos se misturavam ao som dos apitos na galeria. Os organizadores da convenção tentaram acalmar os militantes e chegaram a separar algumas brigas. A PM foi chamada. O militante Max Ferreira, que apoia Bruno Miranda, foi agredido por duas pessoas que disseram ser policiais apoiadores de Rodrigues. “Pedi o pessoal para abaixar um pouco a voz na fala e fui surpreendido por dois policiais, que vieram e me deram um soco na costela”, afirma.

Sargento Rodrigues acredita que a decisão saia até antes do previsto, na quarta-feira, e garante que sua candidatura será mantida. “Nos bastidores já temos um outro partido para compor e o próprio presidente nacional, Carlos Lupi, deixou claro que quer a candidatura própria”, afirmou. O deputado atribuiu a divisão interna da legenda a investidas do prefeito Marcio Lacerda para aumentar o apoio e o tempo de TV de Paulo Brant..