A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira a 33ª fase da Operação Lava-Jato. Aproximadamente 150 policiais federais cumprem 32 mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais. A ação foi batizada de "Resta Um" e tem como alvo construtora Queiroz Galvão. A operação investiga o pagamento de R$ 20 milhões em propina, em troca de contratos da Petrobras com a construtora e para interferir na CPI da estatal no Senado.
Leia Mais
Réu da Lava Jato, Cunha terá ministros do STF como vizinhos em BrasíliaLava-Jato investiga contratos do Banco do Brasil'A conta chega para todo mundo', diz Delcídio sobre denúncia contra Lula na Lava-JatoPF deflagra Operação Blackout, 38ª fase da Lava-JatoOperação Lava-Jato mira última grande empreiteira'Problema da corrupção é estrutural da política', afirma procuradorInvestigação contra Queiroz Galvão pode atingir PSDB e PMDBLava-Jato investiga caixa 2 na campanha de Lula à reeleiçãoLigação da Queiroz Galvão a esquemas de corrupção 'não é inédito', diz Lava-JatoOperação foi batizada de 'Resta Um' por mirar última empreiteira VIP do cartelQueiroz Galvão teve R$ 20,4 bilhões de contratos com a PetrobrasAlvo da Resta Um, Queiroz Galvão deu R$ 10 milhões a ex-presidente do PSDBO ex-presidente da construtora Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide de Moraes Filho foram presos preventivamente no Rio de Janeiro. Há ainda um mandado de prisão temporária para Marcos Pereira Reis, ligado ao consórcio Quip. Ele está no exterior, segundo a Polícia Federal.
De acordo com a Polícia Federal, são investigadas nesta operação a participação da Construtora Queiroz Galvão no chamado “cartel das empreiteiras”, grupo de empresas que se organizaram para executar obras contratadas pela Petrobras. A PF informou que as obras investigadas englobam contratos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, na Refinaria Abreu e Lima, Refinaria Vale do Paraíba, Refinaria Landulpho Alves e na Refinaria Duque de Caxias. A Construtora Queiroz Galvão possui o terceiro maior volume de contratos investigados no âmbito da Operação Lava-Jato.
Conforme a Polícia Federal, os executivos da construtora também são investigados pela prática sistemática de pagamentos indevidos a diretores e funcionários da Petrobras, além de repasse de valores a partidos políticos travestidos de doações oficiais. A Polícia Federal afirma que as doações feitas por ordem dos executivos da Queiroz Galvão ocorreram através de transações comandadas por operadores no Brasil e também com pagamentos no exterior, que seriam retribuições a obtenção de contratos com a estatal.
CPI
A Polícia Federal informa ainda que a investigação abrange também a descrição de fatos ocorridos com o objetivo de criar embaraços à comissão parlamentar de inquérito que investigava irregularidades junto a Petrobras pelo Senado Federal em 2009.
Em abril deste ano, o ex-senador Gim Argello foi preso na 28ª fase da Lava Jato. Ele era vice-presidente da CPI da Petrobras e foi acusado de receber pagamentos em dinheiro para evitar a convocação de executivos na comissão. Ele fechou acordo de delação premiada com a Justiça poucos dias após sua prisão.
São apuradas as práticas de crimes de corrupção, formação de cartel, associação criminosa e lavagem de dinheiro, dentre outros.
Não é o fim
O nome “Resta Um” é uma referência à investigação da última das maiores empresas identificadas como parte integrante da chamada “regra do jogo” em que empreiteiras formaram um grande cartel visando burlar as regras de contratação por parte da Petrobras, em claro prejuízo à estatal.
De acordo coma Polícia Federal, a menção “Resta Um” remete tão somente ao fato de se tratar da última empresa de grande porte investigada na formação do cartel junto a Petrobras, não remetendo a um possível encerramento das investigações da Operação Lava-Jato que busca alcançar ainda diversos outros fatos criminosos e demais empresas e pessoas participantes de negócios ilícitos junto a estatal.
Os investigados com mandados de condução coercitiva serão levados às sedes da Polícia Federal nas respectivas cidades onde foram localizados. Após o depoimento, serão liberados.
Os investigados com prisão cautelar decretada serão levados à sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde permanecerão à disposição das autoridades responsáveis pela investigação.
Com informações da Polícia Federal.