Brasília, 02 - Os senadores aliados da presidente afastada Dilma Rousseff apresentam nesta terça-feira, 2, um voto em separado ao do relator do processo de impeachment Antonio Anastasia (PSDB-MG). O documento, ao contrário do parecer do tucano, defende a inocência da presidente.
Um resumo de 27 páginas será lido na comissão nesta tarde, logo após a leitura do parecer de Anastasia. O documento é assinado por oito senadores, membros titulares e suplentes do colegiado, que são aliados da presidente: Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Humberto Costa (PT-PE), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Telmário Mota (PDT-RR), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Kátia Abreu (PMDB-TO).
Com um caráter mais político, o documento lista diferentes argumentos para pedir a nulidade do processo. Assim como a defesa, os senadores usam a tese do desvio de poder para argumentar contra a legalidade da abertura do processo pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e da sessão de admissibilidade da Câmara, chamada pelos senadores de "show de horrores".
O desvio de poder também é tema do documento quando relacionado à Operação Lava Jato. O documento relembra a gravação em que o senador Romero Jucá, principal articulador do processo de impeachment, fala sobre a realização do processo para a paralisação da investigação. Os senadores destacam as frases "tem que ter o impeachment" e "a solução mais fácil é botar o Michel Temer".
Misoginia
O parecer dos aliados de Dilma também defende que o processo de impeachment é misógino, ou seja, um processo de ataque à figura da presidente como mulher. Eles mencionam a quantidade de insultos em mensagens, imagens, memes e adesivos com alusão ao estupro e depreciativos à figura feminina de Dilma.
O documento traz ainda a manifestação da ONG Mulheres Brasil, divulgado em março, contra a violência de gênero praticada contra a presidente. "Nenhuma discordância política ou protesto pode abrir margem e/ou justificar a banalização da violência de gênero", afirma o comunicado, assinado pela representante da entidade, Nadine Gasman.
Argumentos técnicos
O documento se apoia na defesa para trazer argumentos técnicos, que defendem a falta de dolo da presidente nas acusações que lhe são implicadas.
Os senadores defendem que não houve impacto da edição de decretos de créditos suplementares para a meta fiscal e sugere que o governo Dilma fez grande esforço para conter os gastos públicos.
O documento faz ainda crítica direta à acusação, representada pelos juristas Janaína Paschoal, Miguel Reale Jr e Hélio Bicudo. De acordo com os senadores, eles não se prendem aos argumentos técnicos na peça de alegações finais..