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Estado de Minas

Operação Lava-Jato mira última grande empreiteira

Queiroz Galvão é acusada de usar contratos com a Petrobras para pagar propina. Dois executivos da empresa são presos


postado em 03/08/2016 00:12 / atualizado em 03/08/2016 07:45

Brasília – A Polícia Federal deflagou ontem a 33ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Resta Um”. As equipes cumpriram 32 ordens judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais, sendo 23 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, um de prisão temporária e seis de condução coercitiva. O alvo é a Construtora Queiroz Galvão, identificada, durante a Lava-Jato, como a terceira com maior volume de contratos celebrados com a Petrobras, alcançando total superior a R$ 20 bilhões. São investigados contratos do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), da Refinaria Abreu Lima, da Refinaria Vale do Paraíba, da Refinaria Landulpho Alves e da Refinaria Duque de Caxias.


Os dois presos preventivamente são o ex-presidente da Queiroz Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor da construtora Othon Zanoide de Moraes Filho. O mandado de prisão temporária é contra Marcos Pereira Reis. Ele está no exterior, segundo a PF.


Em despacho que autorizou a deflagração da 33ª fase da Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro afirmou que o país está pagando um custo “grande” para enfrentar a corrupção. Ele destaca que o custo seria maior se o problema não fosse enfrentado agora. Para Moro, os repetidos escândalos estão “minando a confiança nas leis e na democracia”. Moro voltou a destacar a necessidade das prisões preventivas como instrumento para frear a corrupção. “Se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso”, explica o juiz.


O histórico de envolvimento do grupo Queiroz Galvão com grandes esquemas de corrupção não é inédito, já tendo figurado nas operações Monte Carlo, Castelo de Areia e Navalha, e tendo sido as duas últimas anuladas nos tribunais superiores. Segundo o procurador Diogo Castor, a banalização das anulações de provas representa um alento para os criminosos que já tiveram participação em esquemas criminosos provados. “Infelizmente, se essas operações tivessem um mínimo de efetividade, talvez a Lava-Jato nem precisasse existir” assinalou a procuradora da República Jerusa Viecili. São apuradas práticas de crimes de corrupção, formação de cartel, associação criminosa, lavagem de dinheiro, entre outros.

PREJUÍZOS BILIONÁRIOS

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a Queiroz Galvão formou, com outras empresas, um cartel de empreiteiras que participou ativamente de ajustes para fraudar licitações da Petrobras. Esse cartel maximizou os lucros das empresas privadas e gerou prejuízos bilionários para a estatal. “Além dos ajustes e fraudes a licitações, as evidências colhidas nas investigações revelam que houve corrupção, com o pagamento de propina a funcionários da Petrobras. Executivos da Queiroz Galvão pagaram valores indevidos em favor de altos funcionários das diretorias de Serviços e de Abastecimento. Parte das propinas já rastreadas e comprovadas se aproxima da cifra de R$ 10 milhões. Esses crimes estão comprovados por farta prova documental que corroborou o depoimento de, pelo menos, cinco colaboradores, sendo três deles dirigentes de empreiteiras”, disse o MPF.

PARTIDOS E CPI


A investigação ainda aponta fortes indícios do pagamento de propina por executivos da Queiroz Galvão para dificultar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que investigava irregularidades na Petrobras, em 2009. A construtora é suspeita de ter pago R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, que morreu em 2014, para abafar a CPI. Segundo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, primeiro a citar a Queiroz Galvão em delação, o tucano teria dito que o dinheiro seria usado para a campanha de 2010. Em entrevista ontem, o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse, no entanto, que há nessas investigações fatos envolvendo também o PT e o PP. “O problema da corrupção não é partidário, é estrutural da política brasileira”, disse.


Delatores também já relataram à Lava-Jato as relações da empreiteira com o PMDB, como o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que envolveu o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) em propina para campanha eleitoral em São Paulo. A Operação Resta Um apura também como o dinheiro desviado da Petrobras abasteceu a campanha de reeleição do ex-presidente Lula em 2006. O consórcio Quip, liderado pela Queiroz Galvão, teria repassado R$ 2,4 milhões ao caixa 2 da campanha de acordo com os delatores.
Em uma nota breve divulgada ontem, a Queiroz Galvão afirma que está colaborando com as investigações. “Na manhã de hoje (ontem), a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão em algumas de suas unidades (da construtora). Alguns ex-executivos e colaboradores foram alvos de medidas cautelares”, informou a empresa, sem citar os nomes dee Ildefonso e Othon Zanoide, executivos presos. “A empresa está cooperando com as autoridades e franqueando acesso às informações solicitadas”, complementou a Queiroz Galvão na nota.


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