Brasília, 05 - O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) será o relator na Comissão de Assuntos Econômicos do projeto que aumenta de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32 os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Tão logo recebeu a notícia, o senador se colocou absolutamente contra a proposta. A declaração é mais um episódio da polêmica envolvendo os posicionamentos do PSDB contrários à abertura de gastos do governo Temer.
"Imagine num momento de crise como esse, querem aumentar o teto do salário dos ministros do Supremo para quase R$ 40 mil. É um absurdo e uma vergonha", disse o senador. O senador garantiu que dará voto contrário à matéria em seu relatório e chamou atenção para o efeito cascata que a proposta pode causar.
"Isso deixa portas abertas para que senadores queiram aumentar os seus salários, assim como deputados federais, estaduais, juízes. É uma farra e um desprezo com a situação crítica das contas da União, dos Estados e da população", afirmou.
O projeto foi aprovado na última quarta-feira, 3, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas ainda passará pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) antes de seguir para o plenário.
Ferraço tem mantido posição contrária aos projetos de reajustes salariais no serviço público, mas não foi o primeiro tucano a criticar este projeto. O próprio líder do governo Temer no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que a matéria era uma "bomba no orçamento". O senador afirmou que o governo ainda não havia se posicionado sobre o texto.
Críticas tucanas
Apesar de ser um dos principais partidos na base aliada, o PSDB tem se posicionado de forma contrária ao "pacote de bondades" do governo Temer. Como mostrou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, tucanos de todas as alas defendem o aprofundamento das reformas macroeconômicas e uma gestão mais austera a partir de setembro, com a provável queda de Dilma.
Nesta semana, o Instituto Teotônio Vilela (ITV), braço de formulação do PSDB, divulgou um texto em que reforça as críticas à falta de rigor fiscal do governo do presidente em exercício. No artigo intitulado "É preciso menos (e não mais) gastos", a entidade afirma que o governo deve, para superar a crise do País, primeiramente "fechar a torneira dos gastos"..