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Estado de Minas

Principais partidos do país dão largada à campanha eleitoral em busca de apoio

Pressionados pelas investigações da Lava-Jato, com novas regras eleitorais e sem financiamento privado para bancar os custos, as legendas disputam mais de 5,5 mil prefeituras em um momento de total descrédito político


postado em 07/08/2016 06:00 / atualizado em 07/08/2016 07:33

Brasília – Passadas as convenções municipais, os partidos iniciam a disputa eleitoral mais tensa, curta e sem recursos da história recente da democracia brasileira. Pressionados pelas investigações da Lava-Jato, com novas regras eleitorais e sem financiamento privado para bancar os custos, as legendas disputam mais de 5,5 mil prefeituras em um momento de total descrédito político e pouco mais de um mês após o encerramento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Quem der um prognóstico mínimo ou conseguir estabelecer qualquer meta de vitória nas eleições de outubro estará chutando”, afirmou o secretário-geral do PSDB, deputado Sílvio Torres (SP).


O PSDB, por exemplo, terá cabeça de chapa em pelo menos 10 capitais. O partido tem pouco mais de 700 prefeituras e espera melhorar o desempenho. Os tucanos terão candidatos fortes em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Minas, além de buscar a reeleição em Manaus, Belém, Maceió e Teresina. Na capital paulista, os tucanos lançaram o nome do empresário João Dória, que consegue estar ainda pior do que Haddad na corrida eleitoral, aparecendo em quinto lugar. Para evitar o desgaste interno provocado pela escolha de um nome que não era do partido, o diretório municipal do PSDB decidiu formar uma chapa puro-sangue, com o deputado Bruno Covas sendo vice na chapa de Dória.


Mesmo com o PT fora do poder federal, o PSDB vê possibilidades remotas de avançar nos postos petistas no Nordeste, exceção feitas em algumas capitais, como Recife, hoje administrada pelo PSB. “Mas em algumas cidades importantes de Pernambuco, como Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho, temos nomes bastante competitivos”, disse Torres. Ele não acredita que a crise política nacional seja fator preponderante nas disputas municipais. “Claro que este assunto será pautado nas capitais. Mas, na maior parte das cidades, é o cotidiano do eleitor que vai pesar na escolha do candidato”, completou.


NO COMANDO
Disputando as eleições municipais no comando interino do governo federal, pela primeira vez desde 1988, o PMDB sabe que será vidraça das críticas da população em um momento de retração econômica e crise política. “Não vamos ficar dizendo, nas campanhas, que a culpa do atual momento político é do PT. Teremos sim, de mostrar à população que o PMDB é capaz de promover mudanças que retomem o crescimento e garantam a volta do emprego”, explicou o tesoureiro nacional do PMDB, senador Eunício Oliveira (CE). Com 1.041 prefeituras, o PMDB é a legenda que mais comanda cidades no país. “Por isso, não adianta falarem que somos um partido descolado do social. Estamos distribuídos em todo o Brasil”, completou Eunício.


Ressuscitado no cenário nacional após a eleição de Rodrigo Maia (RJ) para a presidência da Câmara, o DEM apega-se no presente para retomar o brilho do passado. O principal nome do partido nas eleições municipais é o prefeito de Salvador, ACM Neto, que deve se reeleger com folga no primeiro turno. “Queremos aproveitar o bom momento vivido pelo partido e marcar, nas eleições municipais, a retomada do nosso crescimento”, disse o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN). “Estamos indo para a reeleição em Vila Velha (ES), em Aracaju (SE) e em Feira de Santana (BA)”, completou Agripino.


O PSB também aguarda as disputas de outubro como um momento de reafirmação nacional. O partido já tinha sido o que mais cresceu em números de prefeituras nas disputas municipais de 2012. Mas um acidente de avião em agosto de 2014 matou Eduardo Campos, presidente nacional da legenda e ex-governador de Pernambuco. “Muitos diziam que encolheríamos. Mas estamos lançando candidatos em 14 ou 15 capitais e em 56 das 90 cidades que têm segundo turno para prefeito”, comemorou Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB. Ele lembra que o partido lançou 1,6 mil candidatos a prefeito e pretende eleger, ao menos, um terço deles. Os socialistas administram 428 prefeituras, atualmente.


O PT sofre com a imagem arrastada pela Operação Lava-Jato. Tanto que, em cidades importantes, como o Rio e Salvador, nem sequer terá cabeças de chapa. Na capital fluminense, após o rompimento com o PMDB, o partido apoiará Jandira Feghali. A parceria se repete em Salvador, com a cabeça de chapa ocupada pelo PCdoB, em uma aliança costurada por Jaques Wagner, ex-governador da Bahia e ex-chefe da Casa Civil de Dilma. “Teremos candidatos em 19 capitais e queremos manter nossas prefeituras na capital paulista e no chamado cinturão vermelho do PT (São Bernardo, Santo André, Osasco e Guarulhos)”, afirmou o secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza.


Os planos da Rede
Na primeira eleição que disputará, a Rede Sustentabilidade conta com o apoio de Marina Silva como principal cabo eleitoral da legenda, mas sabe que terá de dividi-la com a agenda pessoal. “Ela é uma só e tem seus próprios compromisso. Esta semana (que passou), por exemplo, ela estava na Indonésia”, afirmou o coordenador de organização da Rede, Pedro Ivo.


O arco de alianças da Rede é vasto, passa pelo PSOL, pelo PSB e até pelo PMDB, como em Curitiba, onde apoiará Requião Filho. “Nós buscamos nomes que estivessem afinados com nossa agenda de sustentabilidade”, declarou Pedro. “No caso da região Norte, por exemplo, onde teremos candidatos em praticamente todas as capitais, buscamos nos coligar com políticos que tenham projetos de desenvolvimento para as cidades”, prosseguiu.


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