Depoimentos de executivos da Odebrecht à Operação Lava-Jato revelam que a empresa injetou R$ 23 milhões na campanha do hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), à Presidência da República, em 2010, via caixa dois. Corrigido pela inflação do período, o valor atualmente equivaleria a R$ 34,5 milhões. A afirmação foi feita a procuradores da força-tarefa da operação na semana passada por funcionários da empresa que tentam um acordo de delação premiada, conforme reportagem da Folha S. Paulo.
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Moro diz estar cansado, mas trabalho na Lava-Jato continuaOperação Lava-Jato mira última grande empreiteiraLava-Jato investiga caixa 2 na campanha de Lula à reeleiçãoLava-Jato já fechou 61 delações premiadas e cinco acordos de leniênciaJosé Serra recebeu R$ 23 milhões da Odebrecht, diz jornalO acordo, entretanto, ainda não foi assinado. Para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa dois, a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham como destinatária final a campanha presidencial do então candidato.
Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a informação apresentada é de que a empreiteira doou R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de Serra em 2010.
Segundo os depoimentos de executivos da Odebrecht, a negociação para o repasse à campanha de Serra se deu com a direção nacional do PSDB à época, que depois distribuiu parte do dinheiro entre outras candidaturas.
Os envolvidos nas negociações consideram o tema um dos principais anexos que integram a pré-delação da empresa. É primeira vez que o tucano aparece envolvido em esquemas de corrupção por potenciais colaboradores da operação que investiga desvios na Petrobras.
O ministro das relações exteriores, José Serra (PSDB-SP), afirmou, por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, que a campanha dele durante a disputa a Presidência da República em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor.
O tucano disse também que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB. Ainda em nota, José Serra reiterou que ninguém foi autorizado a falar em seu nome.