Brasília - Até então defendendo a votação mais célere possível, líderes da antiga oposição (PSDB, DEM e PSB) se juntaram ao Centrão (grupo de 12 partidos liderados por PP, PSD e PTB) e passaram a defender que o pedido de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) só seja votado após a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Com a unificação do discurso, praticamente todos os líderes da base aliada do presidente em exercício, Michel Temer, na Câmara passam a ter a mesma posição defendida pelo Palácio do Planalto nos bastidores. O temor é de que Cunha retalie membros do governo Michel Temer após ser cassado, o que pode vir a prejudicar a votação final do processo de impeachment de Dilma, prevista para o fim deste mês. O discurso único foi acertado durante café da manhã ontem entre o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes do Centrão e da antiga oposição. O encontro ocorreu na residência oficial da presidência da Câmara. Foi a primeira reunião de Maia com líderes partidários no local, desde que ele pôde usar a residência, após Cunha desocupar a moradia oficial, na semana passada.
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Antiga oposição passa a defender cassação de Cunha após impeachmentCom 33 deputados, bancada de PSB na Câmara fecha a favor da cassação de Cunha'Tenho mais de 200 deputados para sustentar', disse Cunha, segundo delatorDiscurso de Dilma Rousseff no Senado vai tratar de pacto e 'golpe'Manobra de aliados de Cunha leva a adiamento da votação do processo de cassação“Ficou consensuado. A maioria concordou em ser depois do impeachment (de Dilma)”, afirmou o líder do PSB, deputado Paulo Folleto (ES). Ele afirma que é a favor de a votação ser realizada o mais rápido possível, mas acabou concordando com a maioria dos líderes.
O único líder da antiga oposição que diz ter se posicionado contra a maioria foi o do PPS, deputado Rubens Bueno (PR). “Não concordei. Coloquei a minha posição de continuar cobrando a votação o mais rápido possível”, afirmou o parlamentar paranaense.
PARECER
Na segunda-feira, o parecer pela cassação do mandato de Eduardo Cunha aprovado pelo Conselho de Ética foi lido no plenário da Câmara. A leitura é a última etapa do processo, antes da votação em plenário. A partir dela, o pedido deve entrar como prioridade na pauta de votações do plenário em até duas sessões ordinárias, ou seja, a partir de hoje. A prioridade, no entanto, não obriga que seja votado. Aliados de Cunha e interlocutores do Palácio do Planalto na Câmara consideram inevitável a cassação do peemedebista, mas trabalham para que a votação do caso dele no plenário da Casa só ocorra após impeachment, para evitar que o deputado afastado dispare contra o governo Michel Temer como retaliação por ter sido cassado, prejudicando o processo de afastamento de Dilma.
Membro da chamada tropa de choque de Cunha, o deputado Carlos Marun (MS), vice-líder do governo e do PMDB na Câmara, defende que o ideal seria que a votação só ocorresse após as eleições municipais. Para ele, isso aumentaria as chances de Cunha se salvar, pois os deputados não temeriam os efeitos dos prejuízos políticos por ter votado abertamente favor de Cunha.