Jornal Estado de Minas

Ministro da Saúde se destaca por cometer gafes e deslizes

Criticado até pela própria filha depois da declaração mais recente sobre o uso do sistema de saúde brasileiro – a de que os homens vão menos ao médico porque trabalham mais do que as mulheres –, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) vem colecionando falas que rendem polêmicas. Por causa da boca, o titular da pasta no governo do presidente em exercício Michel Temer, com pouco mais de três meses no cargo, se tornou alvo de várias críticas na internet. Curiosamente, ele não é o único. O antecessor no cargo também se tornou o rei das gafes no pouco tempo que coordenou os trabalhos da pasta ainda no governo Dilma Rousseff (PT).


Na semana passada, Barros afirmou: “Os homens trabalham mais e não acham tempo para a saúde preventiva”. A declaração seria uma justificativa para a baixa frequência masculina nos consultórios médicos. A filha dele, a deputada estadual gaúcha Maria Victoria Borghetti Barros (PP-RS), não perdoou e rebateu a fala do ministro pelo Facebook: “Pai, trabalhamos tanto quanto o senhor. A mulher tem uma jornada mais longa. Trabalhamos 5 horas a mais na semana que os homens”, reagiu a parlamentar, se referindo também à “jornada dupla de trabalho, quando voltam para casa”.

Em maio, Barros causou arrepios ao dizer que é preciso rever o tamanho do Sistema Único de Saúde (SUS).

Diante da polêmica gerada pela declaração, na sequência, ele disse que não foi bem aquilo que quis dizer. Ele também gerou estranhamento ao defender a criação de planos de saúde populares, com menos cobertura, para aliviar o sistema público.

Logo na primeira entrevista como ministro, Ricardo Barros falou de fé para responder sobre a lei aprovada no Congresso Nacional que liberou o uso da fosfoetanolamina para combate ao câncer, mesmo sem comprovação clínica de eficácia. “Na pior das hipóteses, tem o efeito placebo. A fé move montanhas”, disse.

No mês passado, outra fala de Barros causou revolta nas redes sociais. O ministro disse que a maioria dos pacientes que procura atendimento na rede pública “imagina” estar doente. Na ocasião, ele criticou o uso excessivo do sistema e disse que a “cultura do brasileiro” é achar que só foi bem atendido se fizer exames ou receber prescrição de remédios. Segundo ele, isso levaria a gastos desnecessários.
“Não temos dinheiro para ficar fazendo exames e dando medicamentos que não são necessários só para satisfazer as pessoas, para elas acharem que saíram bem atendidas do postinho de saúde”, completou.

Também em julho, o ministro da Saúde de Temer disse que faltam serviços no sistema de saúde porque não há recursos e atribuiu o pouco dinheiro à incapacidade do brasileiro de pagar mais impostos. Pouco depois de se tornar ministro, Ricardo Barros chamou o mosquito Aedes aegypti de “indisciplinado”. Segundo ele, essa indisciplina é que traz dificuldade de controlar doenças como a dengue e a zika. “Se o mosquito se comprometesse a picar só quem mora na casa era fácil, mas infelizmente ele não é disciplinado”.

CASTRO As pérolas em entrevistas não são privilégio de Ricardo Barros, que ganhou o cargo de ministro após articular a debandada do PP do governo Dilma e sua posterior adesão a Michel Temer. O ex-ministro da Saúde, Marcelo Castro, também era campeão de gafes. Uma das principais foi quando disse que iria torcer para que as mulheres pegassem zika antes da idade fértil. O comentário foi feito quando ele falava sobre a necessidade de uma vacina para a doença, que foi colocada como responsável por um surto de microcefalia em bebês no Brasil. “Vamos torcer para que as mulheres, antes de entrar no período fértil, peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito.
Aí, não precisa da vacina”, afirmou em janeiro deste ano.

Questionado ainda sobre a microcefalia, Marcelo Castro falava dos cuidados para evitar a gravidez quando soltou: “Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais”. Ao defender a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), ele também afirmou que se tratava do “melhor imposto que existe” e que o brasileiro “não vai nem sentir” caso o tributo volte a esvaziar seus bolsos.

SUCESSÃO DE MANCADAS

Declarações polêmica do ministro Ricardo Barros


"Se o mosquito se comprometesse a picar só quem mora na casa, era fácil, mas infelizmente ele não é disciplinado”

Sobre a dificuldade do governo para combater dengue e zika

"Não temos dinheiro para ficar fazendo exames e dando medicamentos só para satisfazer as pessoas, para elas acharem que saíram bem atendidas do postinho de saúde”

Sobre sua declaração anterior, de que a maioria das pessoas que procura atendimento na rede pública “imagina” estar doente

"Na pior das hipóteses, tem o efeito placebo. A fé move montanhas”

Sobre a polêmica liberação do uso da fosfoetanolamina para combater câncer, que não tem comprovação clínica da eficácia

"Os homens trabalham mais e não acham tempo para a saúde preventiva”

Para tentar explicar porque os homens vão menos ao médico do que as mulheres

 

 

 

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