Curitiba, 18 - Responsável por cuidar das propriedades da família do ex-prefeito de Campinas (SP) Jacó Bittar, Celso Silva Vieira Prado afirmou à Polícia Federal que o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP) disse à Polícia Federal que o imóvel não integrava a lista de bens sob seus cuidados. A propriedade teria sido comprada em nome do filho Fernando Bittar para uso comum com a família do amigo e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Operação Lava Jato considera ter provas para apontar que Lula é o dono do sítio, comprado em 2010, por R$ 1,5 milhão, e reformado em 2011 e em 2014 por duas empreiteiras investigadas por cartel e corrupção na Petrobrás, a OAS e a Odebrecht, e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, preso em 2015. Nesta quarta-feira, 16, Bumlai afirmou à PF que foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia que pediu para que ele participasse da reforma.
No dia 4 de março, quando a Lava Jato deflagrou a 24ª fase que teve como alvo Lula e sua família, a Polícia Federal ouviu o depoimento de Celso Prado. Ele estava no Sítio Bela Vista, no município de Manduri (SP), um dos locais de busca e apreensão. O depoimento foi anexado no início do mês ao inquérito que investiga a propriedade e reforma do sítio de Atibaia.
Prado disse trabalhar para a família Bittar há mais de 20 anos, como responsável por cuidar das propriedades de pai e filhos.
"O declarante praticamente toma conta de diversos negócios da família, representando-os junto órgãos públicos empresas privadas", registra o termo de depoimento de Prado. "Entre suas funções incluem-se visitas constantes as propriedades da família, dentre as quais este local onde encontra-se sendo ouvido." Segundo ele, a propriedade em Manduri, que tem 30 alqueires de terra, onde a família cultiva eucaliptos, pertence a Fernando Bittar e sua irmã Priscila.
Sítio de Atibaia
As buscas em Manduri foram realizadas porque Bittar é investigado como suposto "laranja" da família de Lula na compra do sítio de Atibaia. A propriedade, que a Lava Jato diz ser do ex-presidente, foi alvo de buscas e no local foram encontrados materiais do casal petista e outros elementos que reforçaram as suspeitas.
Lula será acusado formalmente como um dos "mentores" da sistemática de desvios na Petrobrás. A força-tarefa considera ter elementos de que o ex-presidente teria recebido "benesses das empreiteiras Odebrecht, OAS e outras", ocultas na compra e reforma do sítio.
Questionado sobre a propriedade rural de Fernando na cidade de Atibaia, o braço-direto da família Bittar disse nunca ter visitado.
Prado mora em São Vicente (SP), onde diz cuidar "do sr Jacó Bittar", que está com câncer.
Segundo a defesa de Lula, o sítio foi comprado por Jacó Bittar, registrado em nome do filho e seu sócio, mas tinha como objetivo o convívio de sua família com a do ex-presidente. "Fernando Bittar e Jonas Suassuna custearam, com seu próprio patrimônio, reformas e melhorias no imóvel", afirmou a defesa de Lula. "Fernando Bittar e sua família frequentaram o sítio com a mesma intensidade dos membros da família do ex-Presidente Lula, estes últimos na condição de convidados."
O criminalista José Roberto Batochio ressaltou que o sítio está registrado em nome de Bittar e Suassuna, que já "declararam e apresentaram documentos que comprovariam a propriedade do imóvel e a origem dos recursos para sua compra". "Quem é dono de um imóvel é quem consta no cartório de registro de imóveis. Não obstante essa prova material, se quer dizer que o imóvel pertence ao presidente Lula. Seria o mesmo que dizer que a Torre Eiffel pertence a qualquer um de nós.".