A presidente afastada Dilma Rousseff vai pregar um amplo pacto nacional e a antecipação das eleições de 2018 ao fazer, nesta segunda-feira, sua defesa no processo de impeachment no Senado.
Dilma repassou as linhas gerais de seu depoimento em jantar, na noite de domingo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, ex-ministros e líderes de movimentos sociais, no Palácio da Alvorada.
Todos consideram a deposição da petista irreversível, mas querem passar a mensagem de que um "golpe" deixa marcas profundas no País, com chance de "retrocessos".
A ideia é que a presidente afastada aproveite o pronunciamento desta segunda para a disputa da narrativa histórica, diante das câmeras - muitas delas de filmes que estão sendo produzidos sobre o impeachment.
Escoltada por Lula e outros 32 convidados, Dilma chegará ao Senado às 9 horas e será recepcionada por manifestantes, em frente do Congresso. "Nem no meu pior pesadelo poderia imaginar o que está acontecendo conosco", disse Lula.
Apesar das divergências com sua sucessora, Lula fez questão de levá-la ao Senado . Com o gesto, o objetivo é mostrar unidade.
No plenário, Dilma invocará o testemunho de ex-ministros, que são senadores, para sustentar que não cometeu crime de responsabilidade. Dos 9 que se encaixam nesta categoria, porém, 6 votaram para transformá-la em ré.
Em forte tom emocional, Dilma também dirá que o processo contra ela foi aberto por causa de uma "chantagem" do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado depois do cargo por denúncias de corrupção.
Vai destacar, ainda, que tudo se agravou porque não cedeu a pressões para barrar a Lava-Jato. "Nós vamos até o fim, mas estamos vivendo um jogo de cartas marcadas", disse o senador Jorge Viana (PT-AC). "Ela tem certeza de que, se não vencer no Senado, vai ganhar essa batalha na história", emendou Lindbergh Farias (PT-RJ).