São Paulo, 29 - A empresa de saneamento de Goiás (Saneago), que tem seu presidente e seus diretores investigados na Operação Decantação, recebeu, em 2013, R$ 1 bilhão como parte do programa PAC Saneamento, do governo federal. A "expressividade dos valores do orçamento da Saneago" chamou a atenção dos investigadores da operação.
"A Saneago encontra-se aparelhada por uma organização criminosa ramificada no interior do seu alto escalão. A presença de seus membros em presidência, diretorias, superintendências e órgãos é que tem tornado possível a execução de suas atividades e o pleno alcance de seus objetivos criminosos consistentes no abatimento ilícito de recursos públicos", sustenta a Lava Jato do Cerrado.
Polícia Federal e Ministério Público Federal investigam um esquema instalado na Saneago semelhante ao descoberto na Operação Lava Jato. Verbas federais repassadas à estatal teriam financiado dívidas de campanha da reeleição do governo Marconi Perillo (PSDB), em 2014, e bancado propinas. Os desvios de recursos de dois contratos da Saneago, segundo a PF, chegaram a R$ 4,5 milhões.
A estatal, segundo a Lava Jato do Cerrado, não alcançou a meta de unidades habitacionais atendidas por coleta e tratamento de esgoto sanitário no Estado de Goiás. Uma das obras investigadas, apontam os investigadores, tinha previsão de conclusão em 24 meses, conforme Laudo de Análise Técnica de Engenharia, da Caixa em 23 de junho de 2008. Oito anos depois, apenas 25,19% tinham sido realizados.
"A baixa execução orçamentária, a inexecução, o atraso na realização das obras pode comportar mais de uma leitura sobre os problemas de gestão. No entanto, os elementos de prova colhidos evidenciam a existência também de corrupção, superfaturamento de obras e serviços capazes de comprometer as atividades finalísticas da empresa", aponta a operação.
A Saneago afastou dirigentes investigados. O PSDB defende que todas as denúncias sejam investigadas e aguarda a manifestação da Justiça. E, no último dia 24, o governo de Goiás disse apoiar as investigações em curso na Polícia Federal e no Ministério Público Federal e "está inteiramente à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos". O governo disse ainda acreditar na "idoneidade dos diretores e superintendentes da Saneago (Saneamento de Goiás S.A.)".