Depois de nove meses de espera, o país finalmente assistirá nesta quarta-feira o término do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Desanimados, petistas e aliados da presidente afastada já jogaram a toalha. No Planalto, a conta é que o presidente interino terá entre 60 e 61 votos favoráveis à sua efetivação no cargo — seis ou sete a mais que o mínimo necessário para tornar-se presidente, cuja posse deve ser à tarde.
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Palácio do Planalto se prepara para receber novo presidenteBancada do PT tenta salvar direitos políticos de DilmaMais de 2/3 dos discursos de senadores são favoráveis ao impeachmentPor 61 votos a 20, Senado aprova impeachment da presidente Dilma RousseffÉ preciso pacificar forças políticas após a votação do impeachment, diz AécioDilma fará pronunciamento depois da votação e falará em ruptura institucionalTemer terá dia de expectativa por posse, reunião ministerial e viagem à ChinaDilma Rousseff reúne aliados para agradecer apoioOutros números da novela do afastamento da petista mostram que o placar da sessão na Câmara foi de 367 a 157 votos pela perda do mandato.
Já o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que acusa Dilma, tem 441 páginas, enquanto a defesa tem 536. No Senado, o placar pela aprovação do parecer de Anastasia foi de 59 a 21.
Agora, são necessários 54 votos para tirar Dilma do poder e torná-la inelegível por oito anos.
No Senado, o trabalho de convencimento dos votos pró-governo interino está a cargo do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Com o anúncio de Otto Alencar (PSD-BA) de que votará contra o impeachment, a pressão toda está voltada sobre Telmário Mota (PDT-RR), Elmano Ferrer (PTB-PI) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se absteve em todas as votações anteriores.
Do outro lado, alguns petistas ainda apostam as últimas fichas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneceu em Brasília ao longo de todo o dia, tentando virar votos. A expectativa de uma reversão em bloco no posicionamento dos senadores maranhenses não aconteceu. Roberto Rocha (PSB), João Alberto (PMDB) e Edison Lobão (PMDB) votarão pelo afastamento.
O desânimo pela absolvição de Dilma é tanto no tanto que o PT terceirizou a busca de votos contrários ao impeachment.
A tarefa vem sendo exercida por Kátia Abreu (PMDB-GO) e Armando Monteiro Neto (PTB-PE). “Gostei dessa história de cachorros (fiéis) e gatos (que mudam de acordo com o ambiente)”, brincou Kátia. A senadora fez uma alusão às palavras do senador Magno Malta (PR-ES) sobre os senadores que se mantém fieis a Dilma até o último momento e a antigos aliados que mudaram de lado, passando a integrar a base de Michel Temer.
Aliás, Malta, além de se manifestar favorável ao impeachment, ironizou Dilma. Ele citou trecho da música Deu Pra Ti, de Kleiton e Kledir. “Deu pra ti, baixo astral, vai pra Porto Alegre, tchau”, em referência ao fato de Dilma ter residência na capita gaúcha.
DISCUSSÃO
No último dia de debates, as atenções ficaram voltadas ao embate entre defesa e acusação.
“A pior tortura que um ser humano tem é condenar um inocente, se essa pessoa tem dignidade, porque, ao fazê-lo, aquilo o acompanhará pelo resto das suas vidas e, quando olharem no espelho, saberão que puniram uma inocente por pretextos, por questões absolutamente não fundamentadas”, afirmou o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, pouco antes de concluir o discurso na tribuna do Senado.
Durante uma hora e meia, os advogados de acusação, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior, de maneira veemente, reafirmaram que a presidente afastada cometeu crime de responsabilidade ao editar decretos suplementares sem autorização do Congresso e também “pedalar” no Plano Safra.
A acusação afirmou que a defesa da presidente mente e é “boa de marketing”. Janaína chorou no fim do pronunciamento e pediu desculpas à petista pelo sofrimento causado.
“Finalizo pedindo desculpas para a senhora presidente da República, não por ter feito o que era devido, porque eu não podia me omitir diante de tudo isso. Eu peço desculpas porque eu sei que a situação que ela está vivendo não é fácil. Sei que lhe causei sofrimento. E peço que ela um dia entenda que fiz isso pensando também nos netos dela” afirmou.
A fala de Janaína causou reação imediata no plenário. Emocionado, Cardozo classificou de “muito injustas”. “Para quem conhece a presidente Dilma, pedir a condenação para defender os seus netos foi algo que me atingiu muito fortemente”, disse.
Janaína foi chamada de “golpista” pelo deputado José Guimarães (PT-CE).
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) rebateu a declaração de Gleisi e disse que ela não pode ofender o Senado nem advogados da “dimensão moral e intelectual” como Janaína e Reale Júnior.
“ Os brasileiros querem ver esta página triste virada. Mas tudo tem um limite. Não pode continuar ofendendo o Senado. Não pode ofender os advogados”, disse. (Com agências).