A decisão do Senado de permitir que Dilma Rousseff possa exercer cargo público mesmo após ter sido cassada provocou um novo racha na base aliada do presidente Michel Temer. Parlamentares do PSDB e DEM acusam o PMDB de ter feito um acordo para “livrar” Dilma e amenizar a sua pena por crime de responsabilidade. Líder tucano na Casa, Cássio Cunha Lima (PB) chegou a dizer que está “fora do governo”. O discurso, porém, foi suavizado pelo presidente da legenda, senador Aécio Neves, que considerou que “a questão essencial foi resolvida”. Mesmo assim, Aécio diz que a decisão de ontem causa “enormes preocupações”.
Cássio acusou o PMDB de costurar um acordo “na surdina” com a base dilmista. Ele criticou duramente Renan, que, em seu discurso justificou que a Casa não poderia ser “desumana” com a petista. “Na undécima hora, encaminha a votação num acordo feito com a presidente Dilma sem que nós nem soubéssemos”, declarou.
Mesmo destacando que a questão essencial, a destituição de Dilma, foi resolvida, Aécio expressou desconforto. “Lideranças do PMDB votarem desta forma nos deixa enormes preocupações. O Brasil não comporta mais ambiguidades. Caberia ao PMDB ter posição única e sólida em defesa de todo o processo”, disse.
Considerado um dos principais aliados de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) negou que tenha havido qualquer acordo do PMDB para ajudar Dilma. Ele acredita que alguns peemedebistas mudaram de posicionamento a favor de Dilma na segunda votação por sentir pena da ex-presidente. Embora tenha minimizado a decisão, ele admitiu que o resultado “vai dar trabalho” para Temer.
Edison Lobão (MA), peemedebista e ex-ministro do governo Dilma, foi contra a inabilitação da petista para cargos públicos. Ele disse que não poderia impedir a presidente de trabalhar. “O processo de impeachment foi feito penosamente, porém não se praticou a crueldade de tirar dela o direito de trabalhar e de viver”, afirmou Lobão.