Brasília – Nove dias depois de tomar posse como presidente efetivo da República, Michel Temer escolheu a primeira mulher para ocupar o alto escalão do governo federal. Grace Maria Fernandes Mendonça substituirá Fábio Medina Osório na Advocacia-Geral da União (AGU). Advogada da União desde 2001, ela exercia, desde 2003, o cargo de secretária-geral de Contencioso da AGU junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de ingressar no órgão, em 2001, Grace foi assessora do subprocurador-geral da República (1995 a 2001) e advogada da Companhia Imobiliária de Brasília (1992 a 1995). Mineira, ela é casada e tem três filhos.
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Grace Mendonça será primeira mulher a integrar primeiro escalão do governo TemerTemer nomeia a primeira mulher para ocupar cargo no primeiro escalãoApós tropeços, governo Temer rediscute política de comunicaçãoO segundo ponto a favor de Grace é que ela tem um ótimo trânsito junto aos ministros do Supremo, sobretudo com a nova presidente da Corte que assumirá segunda-feira, Cármen Lúcia. Curiosamente, quando Fábio Osório foi nomeado para o posto, logo após Temer ter assumido, interinamente, a Presidência da República, ele tentou demitir Grace. Ela só permaneceu no cargo por influência da nova presidente do STF.
Por fim, Temer desmonta uma das principais queixas à sua administração: a ausência de mulheres no primeiro escalão. Para rebater esse discurso, o presidente sempre tem dito que indicou Maria Silvia Bastos Marques para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma área que tem um orçamento maior do que muitos ministérios. Mas a executiva fica no Rio de Janeiro e reporta-se diretamente ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Temer também escolheu Flávia Piovesan para a Secretaria de Direitos Humanos, vinculada ao Ministério da Justiça.
Fábio Medina Osório chegou ao governo Temer por indicação do chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha. E foi após um embate duro com Padilha que ele foi exonerado do cargo. O desgaste do ex-advogado-geral da União com o Planalto é antigo e remonta praticamente ao início da gestão. Mas a paciência com ele acabou diante da insistência do ex-AGU em ter acesso aos inquéritos da Lava-Jato junto ao STF.
A justificativa de Medina Osório é que o interesse residia no desejo de cobrar dívidas da União provocadas pelos desvios praticados pelos investigados no escândalo da Petrobras.
OUTROS PROBLEMAS Mas Fábio Medina também já tinha tido outros atritos com o núcleo palaciano. Temer e Padilha, por exemplo, reprovaram a atuação dele durante o processo de transição na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O governo editou uma medida provisória alterando a estrutura da empresa pública, ao mesmo tempo em que trocava o diretor-presidente, nomeando Laerte Rímoli para o lugar de Ricardo Melo, que havia sido empossado uma semana antes do afastamento de Dilma Rousseff.
Melo recorreu ao STF e conseguiu se manter no posto graças a uma liminar concedida pelo ministro do STF Dias Toffoli. Na semana passada, Temer publicou outra medida provisória alterando o estatuto da EBC. Na noite de quinta-feira, Toffoli suspendeu a própria liminar, alegando que as mudanças feitas na TV pública inviabilizariam a permanência de Melo no posto.
O governo, contudo, deixou claro que a saída de Fábio Medina Osório foi uma decisão pontual e não deve promover novas mudanças, ao menos por enquanto, no primeiro escalão. Dois ministros que estavam ameaçados no posto – Dyogo Oliveira, do Planejamento, e Ricardo Barros, da Saúde, serão mantidos. Além disso, o governo desistiu de recriar o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para atender a uma pressão do Solidariedade..