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Estado de Minas

Cármen Lúcia assume hoje a presidência do STF com presenças de Temer e Lula

A ministra será a segunda mulher a comandar mais alta corte do país. A cerimônia será simples a pedido da minerira


postado em 12/09/2016 06:00 / atualizado em 12/09/2016 07:58

Cármen Lúcia será a segunda mulher a presidir a Corte(foto: Carlos Humberto/SCO/STF )
Cármen Lúcia será a segunda mulher a presidir a Corte (foto: Carlos Humberto/SCO/STF )

Após intensa disputa política durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente Michel Temer (PMDB) deve se encontrar nesta segunda-feira com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela primeira vez desde que o peemedebista assumiu o Palácio do Planalto.

O encontro deve acontecer na cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, de 62 anos, na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para as 15h de hoje.

Os dois confirmaram a presença no evento. Lula foi quem a indicou para o STF, em 2006. Também estão na lista de presentes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Aécio Neves, ambos do PSDB, o ex-presidente José Sarney (PMDB) e o governador Fernando Pimentel (PT).

A pedido da própria Cármen Lúcia, o evento será simples e não contará com a tradicional festa de recepção para os convidados em todas as posses de ministros da corte promovida por associações de magistrados. O toque especial ficará por conta do cantor Caetano Veloso, que interpretará o Hino Nacional na cerimônia que também empossará o ministro Dias Toffoli na vice-presidência do STF.

A presença do músico foi confirmada pelas redes sociais pela empresária de Caetano, Paula Lavigne, com um vídeo de Caetano ensaiando o hino. Segundo ela, o convite partiu da própria ministra.

Depois de ser a primeira mulher a presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia é a segunda ministra a presidir a mais alta corte do país – a primeira foi Ellen Gracie (veja memória). Na pauta de julgamentos que serão presididos pela nova ministra nos primeiros dias de trabalho estão temas do direito trabalhista e sociais.

“A ministra Cármen Lúcia é extremamente competente, honesta e austera”, conta o advogado Marco Antônio Romanelli, que trabalhou com a ministra na Procuradoria do Estado de Minas Gerais, na gestão do então governador Itamar Franco, no fim dos anos 1990.

A nova presidente do STF já contou a auxiliares que não apoia o reajuste do Judiciário no momento que o país passa por dificuldades nos cofres públicos. Em julho, o Senado aprovou projeto que aumenta os salários dos ministros e que pode gerar efeito cascata nos contracheques de vários outros cargos de diversos poderes.

O aumento foi defendido por vários juízes, entre eles o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski. “Democracia é assim mesmo, as pessoas pensam diferente e devem ter essa liberdade. Como nova chefe do Poder Judiciário, Cármen Lúcia vai pesar as situações e avaliar o que é o melhor para o país”, diz Romanelli.

Na primeira semana como presidente da Suprema Corte, a ministra dará prioridade a análises sobre direitos trabalhistas e sociais. Nas sessões de quarta e quinta-feira, quando o plenário da corte se reunirá pela primeira vez sob seu comando, serão pautadas ações que discutem benefícios a trabalhadoras mulheres e a obrigação do governo em fornecer medicamentos.

PAUTA CHEIA Foram pautadas nove ações ligadas ao direito do trabalho na quarta-feira e outras sete relacionadas à saúde, educação e família na quinta-feira. Segundo a assessoria do tribunal, a própria ministra elaborou a pauta de sessões desta semana. Cabe ao presidente do STF escolher as ações a serem julgadas em acordo com o relator de cada ação.

A primeira ação que será julgada é de autoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), que tenta derrubar um decreto de Fernando Henrique Cardoso, assinado em 1996 e que permitiu um empregador dispensar um funcionário de forma injustificada. O decreto do ex-presidente tucano extinguiu uma norma de 1982 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que havia sido incorporado à legislação brasileira em 1992.

Outra ação pautada para o primeiro dia discute se permanece válida uma regra da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, que dá ás mulheres 15 minutos de descanso antes de iniciar as horas extras na jornada de trabalho. A empresa autora da ação alega que a norma contraria a igualdade entre homens e mulheres determinada pela Constituição. O tribunal considerou a norma constitucional em 2014, mas o julgamento foi anulado e agora será refeito.

Na quinta-feira, a ministra o primeiro processo pautado foi uma ação de autoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que contesta valores anuais repassados pelo governo federal aos estados por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério (Fundef). (Com agências)

PRIMEIRA MULHER A carioca Ellen Gracie (foto), de 68 anos, foi a primeira mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal (STF), cargo que ocupou entre 2006 e 2008. Ela foi também a primeira mulher a ocupar uma cadeira no tribunal, nomeada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2000.

Gracie se aposentou em 2011, antes da idade compulsória de 70 anos. Durante a década que integrou o Supremo ela atuou também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e presidiu o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Recentemente, recusou convite do presidente Michel Temer para assumir o comando da Controladoria-geral da União (CGU). Na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no mês passado, Gracie ajudou a conduzir a Bandeira Olímpica, no Maracanã.


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