Jornal Estado de Minas

Na TV, Cunha diz que cassação 'não passa pela cabeça' e nega virar delator


Em entrevista divulgada às vésperas da sessão que pode cassar seu mandato, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou a negar acusações de que recebeu propina, insistiu que não mentiu sobre contas na Suíça e afirmou que uma derrota na votação da Câmara dos Deputados marcada para esta segunda-feira (12), às 19h, é "hipótese que não passa pela cabeça."

Em entrevista ao programa Conexão Repórter, de Roberto Cabrini, no SBT/Alterosa, Cunha procurou desqualificar delatores que o acusam de receber propinas, reclamou de acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República e atribuiu à "guerra política" o processo de cassação aberto contra ele e seu afastamento da Presidência da Câmara, determinada pelo Supremo Tribunal Federal em maio. Disse ainda não temer ser preso caso perca o mandato de deputado, negou que vá se tornar delator – "não cometi crime" – e disse que seu objetivo é manter o mandato e os direitos políticos para disputar novamente em 2018 uma vaga de deputado federal.  

 

Apesar de ter se defendido com veemência, Cunha se irritou em um momento da entrevista em que Cabrini pergunta à mulher do parlamentar, Cláudia Cruz, sobre contas no exterior. "O objetivo da entrevista não é ela", diz Cunha ao jornalista. Em um momento seguinte, o casal aceita falar sobre o caso. Cláudia alega, então, que tinha dinheiro, proveniente de indenização trabalhista, para fazer frente aos gastos.

No programa, a mulher de Cunha defendeu o marido (disse que se apaixonou sobretudo por causa do caráter), classificou de invasão de privacidade a divulgação de compras de produtos de luxo em lojas de grife no exterior e disse que o pior são as 'mentiras'. "Disseram que fiz várias plásticas. Só tenho uma plástico no nariz", afirmou.

Ela reclamou ainda de informação de que uma das plásticas teria deixado os olhos dela 'esbugalhados'".

Sobre as acusações de Dilma Rousseff de que o processo de impeachment foi iniciado depois de ela não ter aceito chantagem de Eduardo Cunha, o peemedebista disse que o que ocorreu foi o contrário. E voltou a citar o ex-ministro Jaques Wagner como alguém que teria oferecido apoio do PT no Conselho de Ética, caso Cunha rejeitasse a abertura do pedido de impeachment contra Dilma.

O peemedebista revelou que por temer ameaças e o afastamento do comando da Câmara, já havia assinado documento aceitando a abertura do processo de impeachment contra Dilma um mês antes da divulgação da decisão. "Eu deixei assinado, guardado no cofre, um mês antes, temendo um atentado ou uma violência. Queria ter uma garantia de que minha decisão iria para frente e essa é a prova de que eu não aceitaria nenhum tipo de proposta feita por eles", afirmou.

Cunha poderá perder nesta segunda o mandato por quebra de decoro parlamentar. A ação contra ele foi protocolada na Câmara em novembro do ano passado por deputados do PSol e da Rede. Ele é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao dizer que não possui conta bancária na Suíça, na Europa. O Ministério Público daquele país enviou às autoridades brasileiras documentação que atestaria o contrário.

Cunha também é alvo de ação penal no Supremo Tribunal Federal após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por usar contas no exterior para lavar dinheiro desviado da Petrobras.

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