A Polícia Federal negocia com donos da Schahin uma nova colaboração premiada, nas investigações da Operação Lava Jato, em Curitiba. O objetivo é esclarecer pagamentos identificados do grupo empresarial para investigados como Carlos Roberto Cortegoso, segundo maior fornecedor da campanha de reeleição de Dilma Rousseff, e para o sobrinho do ex-ministro do "milagre econômico", Delfim Netto.
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Movimentação financeira de 'garçom de Lula' foi 69 vezes superior aos rendimentosDefesa de Lula entra com recurso no STF contra decisão de TeoriO caso virou processo criminal, aberto pelo juiz federal Sérgio Moro e tem como réu, ainda, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares - ambos também pegos no mensalão. Nesta segunda, o publicitário Marcos Valério será interrogado, em Curitiba, pelo juiz da Lava Jato. Ele participou da lavagem desses recursos.
Paralelo à ação penal, em fase final, a Lava-Jato tem um inquérito que tem a Schahin como alvo e pode ampliar os focos de investigação sobre envolvimento em corrupção na Petrobras e fora dela. Desde julho, no entanto, o delegado Filipe Hille Pace, da equipe da PF em Curitiba, comunicou a defesa do grupo para uma reunião para tratar de eventual colaboração complementar.
Nela, o delator ou outro executivo do grupo teriam que explicar os pagamentos feitos a um grupo de 13 empresas consideradas suspeitas de ocultar propinas, em inquérito com laudos periciais ainda pendentes.
A PF informa em despacho que foi requisitado perícia financeira e contábil sobre os pagamentos feitos pelo Grupo Schahin e por consórcios que suas empresas integram. Apesar do laudo não ter ficado pronto, o delegado relaciona "algumas transferências realizadas pelo grupo Schahin a empresas já investigadas na Operação Lava Jato, bem como a outras que, ao que parece, podem ter sido utilizadas de maneira ilícita".
Entre elas a CRLS Consultoria e Eventos, de Cortegoso, a LS Consultoria Empresarial Agro Pecuária e Comercial, de Luiz Appolonia Neto, sobrinho de Delfim que já confessou usar a firma para receber valores para o tio, e outras como a Rock Star Marketing e a Rock Star Produções Comércio e Serviços, do lobista e operador de propinas Adir Assad, e a Oliveira Romano Sociedade de Advogados, do ex-vereador do PT e delator Alexandre Romano, o Chambinho.
Delação
Salim Schahin fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, no âmbito da ação penal em que foi acusado junto com o pecuarista José Carlos Bumlai pelo empréstimo fraudulento dos R$ 12 milhões ao PT, pago ao banco de forma ilícita com contrato dirigido da Petrobras para operação do navio-sonda - usado para exploração de petróleo em alto mar - Vitoria 10000, em 2009, negócio de US$ 1,6 bilhão.
O empresário afirmou no processo que Bumlai levou a reunião com o banco o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que teria dito que o empréstimo estava "abençoado" por Lula. Delúbio também é réu e será ouvido nesta segunda-feira por Moro.
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Em despacho de 8 de julho, o delegado defende o instrumento da colaboração premiada e o direito da polícia fazê-lo.
PT
Os pagamentos para Cortegoso são um risco para o PT. Conhecido como o "garçom de Lula", o empresário de São Bernardo do Campo virou o fornecedor principal dos palanques e materiais de campanha para o partido. Na disputa de reeleição em 2014, recebeu R$ 24 milhões dos petistas - valor abaixo apenas dos R$ 73 milhões pagos ao marqueteiro João Santana.
Cortegoso presta serviços para o PT, principalmente, por sua empresa Focal Comunicação Visual. A CRLS foi aberta em 2009 e passou a movimentar valores acima dos declarados. O empresário é réu em processo aberto em São Paulo, resultado da Operação Custo Brasil, que apurou corrupção e desvios em contratos de empréstimos consignados dos servidores federais, via Ministério do Planejamento. O ex-ministro Paulo Bernardo chegou a ser preso.
O ex-ministro - e sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) - são acusados de receberem propinas da empresa Consist Software, pelo contrato milionário intermediado pelo ministério.
Fornecedores
Além de doações oficiais usadas para ocultar propina das empreiteiras beneficiadas com contratos na Petrobras, a Lava Jato descobriu que pagamentos de fornecedores dos partidos e suas campanhas eram feitos como forma de movimentação do dinheiro da corrupção da Lava Jato e da Custo Brasil.
Cortegoso e o marqueteiro do PT, João Santana, foram dois dos supostos beneficiados pelo esquema, sustentam os procuradores da Lava Jato e da Custo Brasil - aberta como desmembramento das investigações do escândalo da Petrobrás.
Defesas
O criminalista Guilherme San Juan Araújo, que defende os irmãos Salim e Milton Schahin, informou que não poderia comentar o caso.
O criminalista Márcio Decreci, que defende o empresário Carlos Roberto Cortegoso, também informou que não poderia comentar a investigação da Operação Lava Jato, em Curitiba. Segundo ele, seu cliente nunca recebeu recursos de origem ilícita..