Jornal Estado de Minas

Minas tem 16 candidatos a prefeito que podem ser eleitos com voto único


Quem pensa que todo político tem que levantar cedo, gastar muito dinheiro e ficar na rua o dia todo para conseguir ser eleito está enganado. Para alguns que tentam chefiar prefeituras – 16 em Minas Gerais e 97 no Brasil –, a campanha não é necessária. Isso porque eles são os únicos em suas cidades que registraram candidatura e, por isso, basta o próprio voto para conquistar o mandato. Mesmo nessas condições, os candidatos mineiros garantem bater nas portas de casa em casa para convencer os eleitores a torná-los ou mantê-los no cargo de prefeito.

É a primeira eleição do cirurgião-dentista Samuel Alves de Matos (PMDB) e ele já está eleito, a não ser que tenha algum problema com a Justiça Eleitoral no meio do processo. Único que se candidatou à cadeira de prefeito em Vargem Bonita, no Centro-Oeste mineiro, ele largou o consultório para se dedicar o dia todo à campanha e trabalha para conseguir 90% dos votos da cidade. “Se não for assim, pode ter gente achando que estou fazendo serviços em troca de votos”, comenta.

Aos 31 anos, o candidato tem como principal plataforma de governo o investimento no turismo.

“Comício não precisa porque a cidade tem só 2 mil habitantes, mas estou em campanha o dia todo. Estamos escutando bastante o pessoal e visitando praticamente todas as casas”, conta. Por acordo na região, Samuel disse não usar carro de som nem faixas. “Aqui usamos adesivos, bandeirolas e santinho. Tenho dois funcionários no comitê”, afirma. O candidato não sabe dizer quanto gastará, mas garante que será pouco.

Assim como em Vargem Bonita, é a primeira vez desde a década de 1970 que Divisa Nova, no Norte de Minas, tem candidato único a prefeito. Quem concorre é o ex-secretário de governo da cidade, que já foi vice-prefeito de 2009 a 2012, Elias Tassoti (PTB).

Ele conta que no início da campanha já andou por cerca de oito horas diárias na zona rural. Agora, percorre a área urbana do município, que tem pouco mais de 4 mil eleitores. “Estamos fazendo campanha neste momento. Aqui existe o histórico de ir de casa em casa falando com os eleitores. Estamos conversando para não ficar naquela de que candidato único não tem interesse, o povo que confiou na gente quer isso da gente”, garante.

A campanha de Elias Tassoti deve custar em torno de R$ 15 mil. “Gravamos música de som na rua, estamos fazendo uma campanha normal, só que barata”, explica. O candidato comemora a receptividade dos eleitores e diz que sua proposta é dar continuidade ao governo do atual prefeito, José Luiz (PTB). Um dos focos é atrair empregos.

Em Inimutaba, na Região Central, o prefeito Rafael Dotti de Carvalho (PR) também diz fazer campanha normalmente.

Ele tenta um segundo mandato depois de conquistar o primeiro com 74% dos votos. “Sei que preciso só do meu voto para ser eleito, mas quero ter um volume bom. Temos os deputados que ajudam a gente e querem o retorno em voto”, comenta. O prefeito tem feito reuniões e pequenos comícios. “Visita não está dando tempo, porque tenho que administrar a cidade”, explcia. Rafael Dotti deu prioridade à campanha dos 52 candidatos a vereador para, só depois, se dedicar à sua própria. O candidato faz reuniões à noite, depois de deixar o serviço, e pretende gastar até cerca de R$ 40 mil, metade do que precisou para se eleger no último pleito.

PROCURA POR ADVERSÁRIO Professor de história e geografia, Adalto Leal (PR) resolveu concorrer de novo a prefeito de Espírito Santo do Dourado, no Sul de Minas, depois de um tempo fora do poder. Incomodado com a exclusividade da disputa, ele diz que até tentou convencer outras pessoas, até mesmo adversários, a se candidatarem, mas acabou sendo mais um candidato único. “Pedi para o povo ter opção mas eles disseram não. Gostaria que tivesse outro para poder debater ideias, porque assim fica uma coisa meio esquisita”, diz.

Adalto Leal já foi prefeito por três vezes do município, que tem cerca de 6 mil habitantes.

Ele diz que o principal problema é a saúde. Atrás de legitimação nas urnas, o provável futuro prefeito afirma que o voto do eleitor é “muito importante”. Adalto Leal é apoiado pelo atual prefeito, quem ele também apoiou anteriormente, e não abre mão de fazer campanha. “Aqui tem que ser tarde, porque o pessoal trabalha na lavoura de morango. Vou para as casas a partir do meio-dia e ando até as 19h, porque não gosto de incomodar as pessoas depois disso.”

Código Eleitoral Ao contrário do que muitos pensam, mesmo se a maioria dos eleitores de uma cidade digitarem nas urnas as opções nulo ou branco, aquele que tiver mais votos, seja em qualquer quantidade, é eleito. Isso porque a nulidade das eleições prevista no artigo 224 do Código Eleitoral se refere à constatação de fraude no pleito. Ou seja, se os votos concedidos a um candidato que cometeu irregularidades e foi cassado ou condenado por isso forem mais da metade dos concedidos, aí sim o pleito pode ser anulado. Como os votos bancos e nulos não são válidos, ou seja, não são computados para a totalização da disputa, e não há concorrentes, basta apenas um voto para que os candidatos únicos sejam eleitos prefeitos em seus municípios.

 

Reta final para 2ª via do título
Termina na quinta-feira, dia 22, o prazo para o eleitor pedir a segunda via do título dentro do seu domicílio eleitoral. Para isso, ele deve estar quite com a Justiça Eleitoral e comparecer ao seu cartório portando um documento oficial de identificação, como a carteira de identidade, a de trabalho ou as carteiras emitidas por órgãos reguladores de profissão. A segunda via é apenas uma reimpressão do documento, sem possibilidade de alteração nos dados do eleitor.

Todos os eleitores que forem justificar a ausência no primeiro ou segundo turno devem preencher o formulário com o número do título. A emissão do título é importante também para orientar melhor o eleitor no seu local de votação, ajudando-o a localizar sua seção com mais rapidez.

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