Jornal Estado de Minas

Procurador do MPF usa Facebook para defender operação Lava-Jato e rebater críticas

O procurador Deltan Dallagnol do Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, chefe da força-tarefa da operação Lava-Jato, usou seu Facebook para rebater críticas que sua equipe sofreu nos últimos dias. Ele afirmou que argumentos usados para questionar a operação são “infundados” e que “existe uma guerra de comunicação contra a Lava-Jato em que mentiras são repetidas mil vezes para parecerem verdade”. Dallagnol pediu para que os seguidores compartilhassem seu post.

“A Lava-Jato prende só quando extremamente necessário. Hoje, apenas 21 dos 239 acusados estã presos, isto é, 9%. Apenas 8 acusados (3%) estão presos sem condenação. O número de prisões é pequeno quando se considera que se trata do maior caso de corrupção da história brasileira, em que desvios foram reiterados por mais de 10 anos, com propinas ainda pendentes em diversos contratos. A prisão dos principais líderes é absolutamente necessária para estancar a sangria.

Novamente: dos 239 acusados, não estão presos 100, ou 60, ou 40. Apenas 21. E ainda tem gente que quer dizer que há abuso nas prisões”, escreveu Dallagnol.

O procurador ficou no centro de uma controvérsia envolvendo a apresentação da semana passada em que afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria o “comandante do esquema de corrupção” na Petrobras. Juristas e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a forma de exposição, classificada como “espetaculosa” e fizeram ressalvas à apresentação da denúncia feita por Dallagnol. O jurista Dalmo Dallari, por exemplo, escreveu artigo considerando a denúncia uma “exibição circense muito espalhafatosa”.

Na denúncia a força-tarefa da Lava-Jato afirmou que R$ 3,7 milhões em propinas foram pagas a Lula por meio de contratos da empreiteira OAS com a Petrobras.
Dallagnol subiu o tom das acusações ao apresentar a primeira denúncia formal contra o ex-presidente. Os crimes imputados aos denunciados são corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Caberá ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, acolher ou não as argumentações dos promotores. O juiz não tem um prazo definido para decidir sobre as acusações sobre Lula.

Por meio do texto publicado em sua rede social, o procurador afirmou que a Lava-Jato não força os réus a confessarem os crimes por meio das delações premiadas. “Mais de 70% dos 70 acordos de colaboração foram feitos com investigados soltos, que nunca foram presos. Ou seja, a grande maioria dos acordos não vieram de prisões. A Lava-Jato prende quando a prisão é excepcionalmente necessária para proteger a sociedade.
Ponto”, escreveu Dallagnol.

No entanto, duas delações usadas nas denúncias apresentadas contra o ex-presidente Lula partiram de dois políticos que foram presos antes de firmar acordos de delação premiada. Os ex-parlamentares Pedro Corrêa (PP) e Delcídio do Amaral (ex-PT). .