Jornal Estado de Minas

Investigados por corrupção são candidatos a vereador em Governador Valadares


Envolvidos na Operação Mar de Lama – que investiga uma rede de corrupção envolvendo o Legislativo, o Executivo e empresários de Governador Valadares, no Leste de Minas –, os vereadores Marcos Alves da Silva, o Chiquinho (PSDB), Adauto Carteiro (PROS), Leonardo Glória (PSD), Pedro da Utilar (PSD) e Pastora Eliane de Paiva (PSD) estão em plena campanha para tentar conquistar mais um mandato no próximo dia 2. Os três primeiros estão afastados da Câmara desde abril por decisão judicial, enquanto os outros dois só tiveram o nome citado recentemente, em delação premiada feita pelo ex-diretor adjunto do Saae Vilmar Rios Dias Júnior.

 

A Justiça Eleitoral autorizou todos os cinco vereadores a serem candidatos – até porque, segundo a Constituição Federal e a Lei das Inelegibilidades, só ficam proibidos de disputar cargos públicos condenados em ação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. O que não é o caso dos parlamentares. Santinhos, inserts no rádio, na televisão e nas redes sociais são as alternativas usadas pelos candidatos na busca de votos nestas eleições.

Atual presidente da Câmara, Pedro da Utilar divulgou uma nota à imprensa em que nega envolvimento no esquema de corrupção – e cuja íntegra foi publicada em sua página no Facebook. Em peça de campanha, o vereador e candidato à reeleição diz que “dedicação e compromisso marcaram meu primeiro mandato” e reafirma o compromisso com “a vida e a família”. Na postagem, o parlamentar pede aos eleitores “confiança”, e recebeu apoio de alguns internautas.

Adauto Carteiro, candidato do PROS, já conseguiu 1 mil visualizações em um vídeo postado em sua página no último dia 14. As fotos com familiares e amigos vão rolando ao som de “Adauto é um bom companheiro, ninguém pode negar. E nele eu vou votar”, diz trecho da canção, que dura 49 segundos.

Nos 59 comentários até o início da noite de ontem, o parlamentar recebeu apoio e críticas, especialmente pelo envolvimento de seu nome na Mar de Lama.

O número de visualizações foi bem menor, mas Leonardo Glória (PSD) conta com dois vídeos de apoiadores em sua página no Facebook. Em um deles, visto por 301 pessoas, uma mulher que se apresenta como tia Nilza pede o voto para o vereador pela sua atuação no bairro e em projetos sociais. Em outro postado no dia 16 e já visto por 92 internautas, um trio com roupas de caipira toca e canta uma música com o refrão “eu vou votar, eu vou votar, eu vou votar, sim senhor”.

AMEAÇAS Deflagrada em abril deste ano, a Mar de Lama já teve oito fases e se transformou na maior força-tarefa da atualidade em Minas Gerais. Além do MPMG, do MPF e da PF, a operação também reúne o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC) e a Polícia Militar (PM). Ao todo, 12 vereadores foram afastados da Câmara de Valadares por decisão judicial, e seis deles estão presos. Sete desses parlamentares optaram por não disputar a reeleição.

Ontem pela manhã, foi realizada mais uma reunião da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. No encontro, o grupo aprovou o envio de um ofício à Polícia Federal, Ministério Público Estadual e Federal e Justiça em que relatam que alguns integrantes vêm sofrendo “ameaças, chantagens, calúnias e difamação” por parte de vereadores afastados pela Mar de Lama.

O trabalho da comissão, que analisa a participação dos colegas na Mar de Lama, pode resultar na cassação deles.

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