A Corregedoria do Município de Sete Lagoas, na Região Central de Minas, acusa 139 funcionários efetivos e contratados da Câmara Municipal, vereadores e ex-parlamentares de terem participado de um esquema de pagamentos irregulares de empréstimos, sonegação de Imposto de Renda e de repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As fraudes teriam causado um prejuízo de pelo menos R$ 11,5 milhões para os cofres da cidade.
Leia Mais
Prefeitura de Sete Lagoas denuncia desvio de R$ 11,5 milhões pela Câmara MunicipalAudiência pública é rejeitada, e reforma do Executivo de Sete Lagoas será discutida em reunião especialPrefeito de Sete Lagoas renuncia ao cargo; saiba os motivos alegadosPrefeito de cidade mineira em 'calamidade financeira' nomeia mulher e genroTRE cassa mandatos do prefeito e do vice de Sete LagoasPrefeito de Sete Lagoas é julgado pelo TRE por abuso do poder econômicoDe acordo com o corregedor-geral, as investigações começaram em fevereiro do ano passado, a partir da quebra de sigilo de um processo administrativo envolvendo um ex-servidor e de documento encaminhado pela Câmara com dados financeiros de 2000 a 2016.
Além da irregularidade nos empréstimos com a Caixa, a Corregedoria identificou a sonegação de IR e de contribuição previdenciária (o valor do desconto era menor que o previsto em lei), distribuição ilegal de benefícios, horas extras e gratificações pagas em dobro aos funcionários, aumento de salários de forma desproporcional e alteração do limite de 30% dos empréstimos a servidores da Câmara.
Na segunda-feira, toda a documentação com as apurações da Corregedoria será encaminhada às polícias Civil e Federal e ao Ministério Publico. “Nosso trabalho foi realizado até o momento em que não tínhamos mais como avançar. Diante do impedimento que a Câmara impôs para a abertura de processos administrativos, estamos repassando tudo para a polícia e MP para que o assunto não vire uma pizza”, ponderou Jansey da Matta.
Os servidores que ainda trabalham na Câmara estão sujeitos a demissão, e os vereadores, a responder a ações por crime de improbidade, podendo resultar na perda do mandato. A ideia é que o município ainda abra 139 processos administrativos para ações de ressarcimento aos cofres públicos.
Defesa
Em nota encaminhada ao Estado de Minas, a Câmara Municipal de Sete Lagoas afirmou que a listagem divulgada pelo corregedor-geral está desatualizada e refere-se a um balanço financeiro realizado em dezembro de 2014. “A referida lista não é, nem nunca foi, a lista dos acusados de qualquer irregularidade na Câmara Municipal”, diz trecho da nota.Segundo a Câmara, os nomes fazem parte de um balanço financeiro de dezembro de 2014. Os dados foram apurados porque naquele mês houve uma antecipação – no pagamento para a CEF, que deveria ser feito em janeiro, por um erro do Departamento de Pessoal da Casa.
Ainda de acordo com a nota, a Câmara não tentou impedir o trabalho da Corregedoria nem quer esconder irregularidades. E que não autorizou a divulgação dos nomes das pessoas “porque essa investigação corre em sigilo, justamente para não incriminar pessoas inocentes e também para não possibilitar que os verdadeiros culpados atrapalhem a investigação”.
“Essa atitude demonstra a temeridade do ato do Corregedor Geral da Prefeitura Municipal de Sete Lagoas que por ato unilateral fez divulgação de documentos desatualizados gerando grande comoção na cidade e prejuízo incomensurável às partes envolvidas”, afirma a nota.
A direção da Câmara alega ainda que partiu da Casa uma auditoria para apurar as supostas irregularidades nas operações de crédito consignado e que lei aprovada neste mês prevê que a própria Câmara poderá cobrar os valores de modo administrativo.
“Falta com a verdade, então, o Sr. Jansen Patrick Paixão da Matta que, de modo irresponsável, faz crer que está havendo morosidade da Câmara Municipal, que desde 2015 já encaminhou a documentação ao único órgão com competência para fazer a investigação, ou seja, o Ministério Público Estadual”.
A Câmara negou também que tenha sido apurado crime de sonegação de contribuições previdenciárias, sonegação de imposto de renda, e possível crime perante a Caixa, cabendo ao corregedor de Sete Lagoas fazer a prova das acusações. .