Jornal Estado de Minas

Candidatos a prefeito de Belo Horizonte trocam acusações em debate

O terceiro debate televisivo entre os candidatos a prefeito de Belo Horizonte deu o tom de como vai ser a última semana da campanha eleitoral: ataques dirigidos aos dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de votos, João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), e críticas à atual gestão, que tem Délio Malheiros (PSD) como vice-prefeito.


O debate foi promovido pela TV Record e contou ainda com a participação de Luis Tibé (PTdoB), Marcelo Álvaro Antônio (PR), Reginaldo Lopes (PT), Rodrigo Pacheco (PMDB) e Sargento Rodrigues (PDT). Eros Biondini (PROS), Maria da Consolação (PSOL) e Vanessa Portugal (PSTU) não foram convidados.


O primeiro momento de tensão se deu entre Kalil e Tibé. O candidato do PTdoB questionou o fato de Kalil tem sido condenado pela Justiça Federal apropriação indébita previdenciária. Isso porque ele recolhia a contribuição dos empregados da Erkal Engenharia, empresa da qual é sócio, mas não a repassava ao INSS. Kalil rebateu dizendo que o adversário tem vários processos na Justiça.


O assunto voltou no segundo bloco, quando Tibé aproveitou para dizer que não responde a nenhuma ação criminal e nunca foi condenado. “Pesquise muito a vida de todos os candidatos.

Conheça bem os candidatos antes de votar”, afirmou.


João Leite e Délio Malheiros se estranharam ao falar sobre as propostas para a saúde. O problema central foi a aplicação de recursos do orçamento na área: Délio assegura a aplicação de 20,6% da arrecadação, índice que o tucano garante não passar de 5%.


O vice-prefeito falou para o adversário se informar mais sobre o setor e o chamou de despreparado para governar Belo Horizonte, além de copiar várias propostas já adotadas pela atual gestão em seu programa de governo. Na resposta, o candidato do PSDB “sugeriu” ao adversário que ele visite mais os centros de saúde e converse com os usuários para saber sobre a situação deles.


A atual gestão foi duramente criticada quando o assunto foi a Pampulha e as capivaras que lá vivem, hospedeiras do carrapato estrela, causador da febre maculosa. Sargento Rodrigues acusou a prefeitura de ter neglicenciado o problema – que voltou à tona com a morte recente de uma criança com a doença na capital.


“Não tiveram coragem de tratar o assunto.

Quem está sentado lá, esperou acontecer um fato grave para acordar”, afirmou o candidato do PDT. Foi a deixa para Kalil dizer que “nada funciona” em Belo Horizonte, a ponto de os moradores serem impedidos até mesmo de andar à pé em volta da Lagoa ou visitar o Parque Ecológico.

Caixa-preta

Reginaldo Lopes e Sargento Rodrigues também tiveram seus momentos de embate quando o assunto foi o transporte público. Questionado sobre o assunto pelo candidato do PDT, o petista disse que vai abrir a “caixa-preta” das empresas de ônibus que operam na capital e lembrou que durante a gestão de Marcio Lacerda (PSB), o PSDB chegou a presidir a BHTrans.

Na réplica, Sargento Rodrigues criticou o fato de o PT ter ocupado a Presidência da República por 14 anos, e ainda assim não ter repassado recursos suficientes para terminar o metrô da capital. O petista rebateu: acusou o adversário de fazer “dobradinha” com João Leite e mandou ele “se informar um pouco mais”.

No terceiro bloco, foi a vez do clima voltar a esquentar com Kalil e Rodrigo Pacheco. O candidato do PMDB o questionou sobre qual é a folha de serviços prestados por ele à capital, além da presidência do Atlético Mineiro e a empresa de engenharia da qual é sócio e passou por problemas financeiros.

Mãos limpas

“Não podemos confundir futebol com político.
Pouco me importa se o senhor deve IPTU, se foi condenado pela Justiça. Mas não se faz política na base do autoritarismo. Para mim o senhor falhou na sua gestão”, afirmou Rodrigo.

Kalil rebateu: “Sou comum, tenho mãos limpas, não tenho vergonha de nada. Levantaram minha vida, meus processos, sei o que foi feito. E quero dizer que sou conhecido pela minha honestidade e honradez. Tive problemas financeiros, mas não tenho vergonha disso não”, disse Kalil. Ele ainda criticou o fato de o candidato, que é deputado federal, ter gasto R$ 10,6 milhões em verba indenizatória durante um ano e meio.

Jogo duplo

Reginaldo Lopes e João Leite reeditaram o tradicional embate entre PT e PSDB. O petista acusou o tucano de fazer “jogo duplo” nestas eleições e lembrou que o partido fez parte da administração de Marcio Lacerda (PSB).
João Leite acusou o PT de negligência com a capital mineira e o estado, segundo ele, ser o 15º em repasse de verbas para a saúde. O tucano ainda respondeu as acusações de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi um golpe. “Eu votei no candidato Aécio Neves e no vice Aloísio Nunes Ferreira. Quem pariu Temer (presidente Michel Temer) que o embale. O PSDB não participava da chapa”, ponderou. .