A prisão do ex-ministro Antonio Palocci, alvo da 35ª fase da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira,pode revelar novos dados sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de corrupção e cartel na Petrobrás.
"Embora alguns valores registrados na planilha 'Programa Especial Italiano' ainda demandem maior apuração para identificação dos fatos a que estão relacionados, as provas até agora colhidas apontam que, além dos pagamentos realizados em favor (dos marqueteiros) Mônica Moura e João Santana no interesse do Partido dos Trabalhadores, os subornos repassados a Antônio Palocci também envolveram a aquisição do terreno inicialmente destinado à construção da nova sede do Instituto Lula, referido na planilha pela rubrica 'Prédio (IL)'”, informou a força-tarefa da Lava Jato, em nota.
"Italiano" era o apelido usado pelos executivos da Odebrecht para identificar Palocci, nas planilhas da propina. A partir das provas analisadas, há indicativos de que a aquisição do terreno inicialmente destinado ao Instituto Lula foi acertada com o ex-ministro, tendo sido o valor debitado das "vantagens indevidas pactuadas", informa o MPF.
Defesas
O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que o ex ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. Batochio disse no início da manhã desta segunda-feira que ainda não tem detalhes sobre os motivos da prisão de Palocci. O advogado acompanhou o ex-ministro à superintendência da PF em São Paulo.
O criminalista foi enfático ao protestar contra o que chamou de "desnecessidade" da prisão do ex-ministro. Ele criticou, ainda, o nome da nova fase da Lava Jato, Omertà. "A operação que prendeu o ex-ministro é mais uma operação secreta, no melhor estilo da ditadura militar. Não sabemos de nada do que está sendo investigado. Um belo dia batem à sua porta e o levam preso. Qual a necessidade de prender uma pessoa que tem domicílio certo, que é médico, que pode dar todas as explicações com uma simples intimação?", perguntou.
"O que significa esse nome da operação? Omertà? Só porque o ministro tem sobrenome italiano se referem a ele invocando a lei do silêncio da máfia? Além de ser absolutamente preconceituosa contra nós, os descendentes dos italianos, esta designação é perigosa", concluiu Batochio.
Consultada pela reportagem, a Odebrecht informou que não vai se manifestar sobre o tema.