Três adias após ser preso na 35ª fase da Operação lava-Jato, o ex-ministro Antônio Palocci deve ser ouvido nesta quinta-feira na sede da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, onde desde março de 2014 uma força-tarefa investiga desvio de recursos públicos da Petrobras. Pallocci é suspeito de usar o cargo de ex-ministro, nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, para receber propina da empreiteira Odebrecht.
Palocci está preso desde a última segunda-feira, após o juiz Sérgio Moro decretar a prisão temporária - por cinco dias e prorrogáveis pelo mesmo período-, e, conforme seu advogado de defesa, José Roberto Batochio, a ação que prendeu seu cliente "é mais uma operação secreta, no melhor estilo da ditadura militar". Além de alegar que Palocci não recebeu qualquer vantagem ilícita, o advogado disse também que a prisão foi "desnecessária e autoritária" já que seu cliente tem endereço conhecido e poderia ter sido intimado para depor.
Estratégia
O depoimento de Palocci será às 14h. "Palocci vai responder tudo, vai esclarecer tudo", reafirma Batochio. "Ele está muito indignado com essa falsa acusação", disse o advogado do ex-ministro.
O criminalista não quis adiantar sua estratégia se, eventualmente, a prisão temporária do ex-ministro virar preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. "Astrologia não é comigo, é só com as acusações. Aliás, acusações na base do 'quem sabe', do 'talvez', não são compatíveis com o Estado democrático de direito."
Batochio afirma que a disposição de Palocci em responder os questionamentos da PF não é apenas uma orientação de defesa. "Ele quer responder, ele quer falar, desmontar as falsas acusações que lhe imputam."
Bloqueado
No mesmo dia em foi preso, a Justiça de Curitiba mandou bloquear R$ 814 mil de três contas bancárias de Palocci e mais R$ 30 milhões de sua empresa de consultoria. Os valores foram confirmados pelo Banco Central. O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, havia determinado o confisco de até R$ 128 milhões, cifra que o magistrado suspeita ter sido arrecadada por Palocci para os cofres do PT, entre 2006 e 2013.
Corrupção
Segundo a PF, esta fase da Lava-Jato apura indícios de uma relação criminosa entre Palocci e o comando da Odebrecht. A suspeita é que o ministro tenha atuado como intermediário entre seu grupo político e a empreiteira.
Entre os fatos apontados estão as negociações para aprovação da MP 460/2009, que trouxe benefícios fiscais para a Odebrecht. A lei aumentou o crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais. A MP também interferiu no procedimento licitatório da Petrobras para a compra de 21 navios sonda.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
"Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos", informa a nota.
Ainda de acordo com informações da PF, outro núcleo da investigação apura pagamentos efetuados pelo chamado “setor de operações estruturadas” do Grupo Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvo de medidas de busca e condução coercitiva.
Ministro caiu duas vezes
Palocci foi ministro da Casa Civil no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e deixou o cargo sob acusações, em 2011, de ter ampliado seu patrimônio em 20 vezes. Ele ficou pouco mais de seis meses no cargo, depois de ser um dos coordenadores da campanha da petista. Em comunicado à época, ele alegou que o alto preço de suas consultorias se devia ao fato de ter sido ministro da Fazenda.
Antes, no governo Lula, Palocci foi ministro da Fazenda. Em 2006, também renunciou do cargo ao ser alvo de denúncias de corrupção, durante o escândalo do mensalão. Na ocasião, ele caiu logo depois de o presidente da Caixa Econômica Federal dizer que tinha entregado, ilegalmente, ao ministro o extrato da conta de um caseiro que dizia ter frequentado a mansão de Palocci. (Com Agência Estado)
Palocci está preso desde a última segunda-feira, após o juiz Sérgio Moro decretar a prisão temporária - por cinco dias e prorrogáveis pelo mesmo período-, e, conforme seu advogado de defesa, José Roberto Batochio, a ação que prendeu seu cliente "é mais uma operação secreta, no melhor estilo da ditadura militar". Além de alegar que Palocci não recebeu qualquer vantagem ilícita, o advogado disse também que a prisão foi "desnecessária e autoritária" já que seu cliente tem endereço conhecido e poderia ter sido intimado para depor.
Estratégia
O depoimento de Palocci será às 14h. "Palocci vai responder tudo, vai esclarecer tudo", reafirma Batochio. "Ele está muito indignado com essa falsa acusação", disse o advogado do ex-ministro.
O criminalista não quis adiantar sua estratégia se, eventualmente, a prisão temporária do ex-ministro virar preventiva, ou seja, por tempo indeterminado. "Astrologia não é comigo, é só com as acusações. Aliás, acusações na base do 'quem sabe', do 'talvez', não são compatíveis com o Estado democrático de direito."
Batochio afirma que a disposição de Palocci em responder os questionamentos da PF não é apenas uma orientação de defesa. "Ele quer responder, ele quer falar, desmontar as falsas acusações que lhe imputam."
Bloqueado
No mesmo dia em foi preso, a Justiça de Curitiba mandou bloquear R$ 814 mil de três contas bancárias de Palocci e mais R$ 30 milhões de sua empresa de consultoria. Os valores foram confirmados pelo Banco Central. O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, havia determinado o confisco de até R$ 128 milhões, cifra que o magistrado suspeita ter sido arrecadada por Palocci para os cofres do PT, entre 2006 e 2013.
Corrupção
Segundo a PF, esta fase da Lava-Jato apura indícios de uma relação criminosa entre Palocci e o comando da Odebrecht. A suspeita é que o ministro tenha atuado como intermediário entre seu grupo político e a empreiteira.
Entre os fatos apontados estão as negociações para aprovação da MP 460/2009, que trouxe benefícios fiscais para a Odebrecht. A lei aumentou o crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais. A MP também interferiu no procedimento licitatório da Petrobras para a compra de 21 navios sonda.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
"Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos", informa a nota.
Ainda de acordo com informações da PF, outro núcleo da investigação apura pagamentos efetuados pelo chamado “setor de operações estruturadas” do Grupo Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvo de medidas de busca e condução coercitiva.
Ministro caiu duas vezes
Palocci foi ministro da Casa Civil no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e deixou o cargo sob acusações, em 2011, de ter ampliado seu patrimônio em 20 vezes. Ele ficou pouco mais de seis meses no cargo, depois de ser um dos coordenadores da campanha da petista. Em comunicado à época, ele alegou que o alto preço de suas consultorias se devia ao fato de ter sido ministro da Fazenda.
Antes, no governo Lula, Palocci foi ministro da Fazenda. Em 2006, também renunciou do cargo ao ser alvo de denúncias de corrupção, durante o escândalo do mensalão. Na ocasião, ele caiu logo depois de o presidente da Caixa Econômica Federal dizer que tinha entregado, ilegalmente, ao ministro o extrato da conta de um caseiro que dizia ter frequentado a mansão de Palocci. (Com Agência Estado)