Brasília – O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ontem que está muito preocupado com a violência envolvendo candidatos nesta campanha eleitoral. O primeiro turno será amanhã. “Preocupa e preocupa muitíssimo. Não temos até aqui uma explicação. Vamos construí-la com a Justiça, a Polícia Federal, a Justiça Eleitoral e a área de inteligência. Vamos procurar e, se encontrarmos uma explicação, vamos comunicar e torná-la público”, afirmou. Segundo ele, as Forças Armadas devem empregar mais de 25 mil militares para segurança e apoio logístico no primeiro turno das eleições municipais. O contingente das três forças vai atuar em 420 municípios de 15 estados definidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que fez a solicitação.
Para o ministro, a grave situação das contas públicas nos estados acabou intensificando a crise de segurança. “Acho, e isso é uma suposição, que dada a situação fiscal a que o Brasil chegou e isso repercutindo numa crise na segurança em alguns estados, o que nós estamos vendo é um reflexo na política de algo que, na prática, já está acontecendo. Evidentemente que existem reflexos em todas as áreas e isso chega à área da segurança”.
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Na reta final, candidatos reforçam corpo a corpo e renovam ataques aos adversários Com restrição a doações, candidatos à PBH gastaram R$ 8 milhões em suas campanhasPartidos continuam privilegiando candidaturas de homens e de brancos Gilmar Mendes acredita em dia de "eleições em paz", mas ressalta quadro de insegurança públicaJungmann também destacou que outra situação que “preocupa muitíssimo” ocorre em alguns estados onde existe “um processo perverso” em que milícias e traficantes têm poder político e indicam representantes ou eles próprios são eleitos. Ele citou como exemplo o estado do Rio de Janeiro. “O Rio, infelizmente, é um desses exemplos, mas não é apenas o Rio. No Rio de Janeiro, talvez o que exista é um processo mais avançado. Este é um problema grave que estamos enfrentando e em breve pretendemos ter várias respostas para a área de segurança”, afirmou.
ITUMBIARA Contrariando o governo de Goiás, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves autorizou ontem o envio de tropas das Forças Armadas para Itumbiara.
O pedido pelo reforço de segurança em Itumbiara foi feito por juízes eleitorais do município, que alegaram que a morte de José Gomes da Rocha “deixou a população consternada e insegura”, além de gerar “uma grande comoção e certa animosidade política, deixando a população extremamente insegura, a ponto de causar receio de comparecimento às urnas”. Os juízes eleitorais também citaram que houve a solicitação de dispensa do serviço eleitoral de alguns mesários convocados para atuarem como membros de mesas receptoras de votos.
Em seu despacho, o ministro Henrique Neves concorda com a avaliação feita pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás de que “a gravidade do fato em análise, aliado ao calor das eleições, causou comoção pública que demanda cautela do Poder Público para que a situação não se degenere para um clima de insegurança coletiva”. “Recomenda-se, portanto, que as forças federais atuem na localidade, proporcionando reforço de segurança e assegurando a normalidade do pleito”, concluiu Henrique Neves. Itumbiara tem 67 mil eleitores.
Crime foi planejado, diz advogado
São Paulo – O delegado da Superintendência da Polícia Judiciária de Goiás, Gustavo Carlos Ferreira, disse ontem que o autor dos tiros que mataram o candidato a prefeito de Itumbiara, José Gomes da Rocha (PTB) e feriram o vice-governador José Eliton (PSDB) planejou o atentado. Segundo ele, o atirador se posicionou à frente do trajeto da carreata e esperou cerca de 10 minutos até a chegada do veículo em que estavam os políticos. “As imagens que obtivemos e os depoimentos mostram ter havido um planejamento mínimo e que ele sabia bem o que estava para fazer, bem como as possíveis consequências”, afirmou.
O autor dos disparos que mataram também um policial militar e feriram um advogado da prefeitura foi morto pelos policiais que faziam a segurança da carreata. Ele foi identificado como o funcionário municipal Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos.
O prefeito de Itumbiara, Francisco Domingues de Faria (PTB), conhecido como Chico Balla, disse que Amaral, tinha experiência com armas, pois costumava caçar capivaras. Segundo ele, o servidor estava licenciado da prefeitura e trabalhava como cabo eleitoral para um candidato a vereador adversário de Zé Gomes. A Secretaria da Segurança Pública de Goiás destacou uma força-tarefa com 13 delegados e mais de 50 policiais para investigar o caso. Uma equipe da Polícia Federal com três delegados e dez agentes também está na cidade. Depois do atentado, adversários de Zé Gomes redobraram os cuidados por medo de uma possível retaliação de seus aliados. O candidato a prefeito pelo PR, Álvaro Guimarães, cancelou parte da agenda de campanha e pediu proteção policial. Uma viatura da Polícia Militar permanece em frente à sua casa e os familiares evitar sair às ruas. Na noite do atentado, uma empresa de Guimarães foi alvo de vandalismo..