Tão logo foi confirmada a sua participação no segundo turno das eleições em Belo Horizonte, o candidato do PHS, Alexandre Kalil, desdenhou de uma possível aliança com os partidos e adversários que já estão fora da disputa. Afirmou que “não precisa deles”, não vai se “vender”, e que vai dedicar as quatro semanas de campanha para “conversar com o povo” que deu a ele 314.845 votos (26,56% dos válidos). “Só converso com o povo. Não quero aproximação de nenhum deles. Não quero partidos, quero povo. Andar com essa gente não é bom, está provado hoje (ontem) nas urnas”, disparou o ex-presidente do Clube Atlético Mineiro. “Quero todos do lado de lá”, completou. Mais cedo, quando votou, ele já havia dito: “Não tenho cacique nem quero. Não quero cacique nenhum perto de mim, no primeiro, segundo, terceiro ou quarto turno”.
Neste segundo turno, os dois candidatos – João Leite (PSDB) e ele – terão cinco minutos de rádio e televisão para pedir votos. Kalil disse que agora terá tempo para mostrar aos eleitores como vai colocar em prática seu programa de governo. “Está provado que o povo sabe, e agora vamos mostrar como é viável sem promessas, sem bobagens, fazer a cidade funcionar”. Ele acrescentou os motivos pelos quais acredita que poderá ganhar mais eleitores numa eventual participação no segundo turno: “Nunca fiz mal a ninguém, nunca atrapalhei a vida de ninguém, nunca prejudiquei ninguém. Sou um homem de mão limpa”.
Pouco depois das 20h a apuração feita pela Justiça Eleitoral já assegurava ao PSDB e ao PHS a presença no segundo turno. Kalil permaneceu em seu apartamento, no Lourdes, para acompanhar os números. Ele estava acompanhado da mulher, dos três filhos, noras e sobrinhos. Estavam com ele o candidato a vice-prefeito em sua chapa, Paulo Lamac (Rede), o deputado Iran Barbosa (PMDB) – que coordenou a campanha – e o vereador Daniel Nepomuceno (PPS), atual presidente do Atlético. No cardápio da espera, comidas árabes: charuto, esfirra aberta, quibe cru e frito e arroz com lentilha. Para acompanhar, vinho e refrigerante. Ansioso, Kalil bebeu apenas café.
África
Alexandre Kalil votou no Colégio Estadual Central, no Bairro Lourdes, Centro-Sul de BH, pouco antes das 11h, acompanhado pela mulher, Ana Luíza Laender. Depois de votar, disse que, independentemente do resultado das urnas, “não podia morrer sem ter essa caminhada” e que essa é uma “oportunidade rara de o povo de BH ter uma opção diferente”. “Foi uma aventura, mas uma aventura bacana. O acolhimento me impressionou”, disse. O candidato acusou a atual gestão de ter “abandonado” as pessoas humildes.
O candidato afirmou que não conhecia a periferia de Belo Horizonte e ficou “mexido” com o que viu. “Nunca mais serei o mesmo. Mexe muito com o coração da gente. Foi divertido, não foi ruim. Saí viajando por lugares que não conhecia. Lugares até inóspitos. A pobreza de BH chega à beira da África. Aqui existe a África e conheço a África melhor do que o que vi aqui”, afirmou Kalil. Antes de entrar em sua seção de votação, ele fez questão de deixar claro que não é verdade que não gosta de política (seu slogan é “Chega de político”): “Não gosto é dessa lama em que atolaram o Brasil, essa sujeirada e roubalheira que é o país hoje”.