A exemplo do que ocorreu no Grande ABC Paulista, berço político do Partido dos Trabalhadores no país, o PT também perdeu espaço no Vale do Aço mineiro. Nenhum dos prefeitos da legenda conseguiu se reeleger na região metalúrgica, onde, historicamente, havia a predominância vermelha no comando das prefeituras. O PT foi derrotado nos quatro principais municípios do vale: Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso.
Em Ipatinga, a atual prefeita Cecília Ferramenta (PT) perdeu para Sebastião Quintão (PMDB), que também já comandou o município. Ele ficou com 54% dos votos, enquanto a atual mandatária recebeu somente 15,6% dos votos. Antes mesmo da eleição, a chapa de Cecília entrou na Justiça para impugnar a candidatura de Quintão, sob o argumento de que ele tem condenações que se enquadram na Lei da Ficha Limpa.
Em busca da reeleição, o prefeito de Timóteo, Keisson Drumond (PT), teve que se contentar com o quarto lugar, somando 16,3% dos votos. Quem levou a disputa acirrada foi Dr. Geraldo Hilário (PP), com 25,6% da preferência. Em Santana do Paraíso, a candidata Luzia do Kim (PRB) teve vitória expressiva frente ao prefeito Zizinho (PT), vencendo por 66,1% dos votos contra 24% do petista.
Foi em Coronel Fabriciano que o PT teve o melhor desempenho nas eleições no Vale do Aço, onde a atual prefeita Rosângela Mendes (PT) concentrou 29% dos votos. Ainda assim, o percentual ficou bem distante dos 46,6% conquistados pelo candidato vitorioso, Dr. Marcos Vinícius (PSDB), pela primeira vez na disputa por um cargo eletivo. Compondo a chapa com Rosângela, o vice-prefeito de Fabriciano, Bruno Torres (PV), acredita que a derrota dos candidatos à reeleição no Vale do Aço reflete um movimento que ocorre em todo o país. “Há um desejo de mudança no país que atingiu a candidatura de quem quis se reeleger. Suponho que esse desejo de mudanças atingiu a todos. É claro que atinge em um grau maior ao PT, porque é o mais atacado nacionalmente”, afirma.
Ex-deputado estadual, Chico Simões, presidente municipal do PT em Fabriciano, afirma que o desempenho da legenda no Vale do Aço reflete uma desconstrução partidária feita pela grande mídia em relação à legenda. “Não quer dizer que não tivemos erros, mas foi massificado que o erro de petistas foi de todo o partido. A resposta foi proporcional onde o PT sempre foi mais forte. O Vale do Aço é o berço da legenda em Minas, então o tombo foi maior”, analisa. Segundo Simões, o partido já não encontra tanta penetração entre os metalúrgicos da região. “Com o desemprego violento e o refluxo da siderurgia, o que eles querem é lutar pela sobrevivência e manter o emprego deles”, destaca.
VIZINHOS Em outros municípios próximos ao Vale do Aço, também não houve espaço para o PT. Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, vitória de lavada do candidato André (PSDB), com 81% dos votos. O vereador Glêdston Guetão (PT), cujo nome foi envolvido na operação Mar de Lama da Polícia Federal (PF) teve apenas 7,4%. Em Nova Era, na Região Central, os tucanos também levaram a melhor com a vitória de Laura (PSDB), com 66,5% dos votos. O segundo colocado foi o petista Roberto Bicalho, o Frango, com 33,5%. Também na Região Central, João Monlevade teve também eleição da tucana Simone Moreira. Não houve candidato do PT, que apoiou o candidato do PDT, Railton.