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João Leite e Kalil têm o desafio de ''encontrar'' 741 mil eleitores perdidosTemer diz que alta abstenção é recado aos políticos e recorre a valor da democracia Soma de votos brancos, nulos e abstenções venceria 1º turno em 9 capitaisEleitor que não justificou ausência tem até dezembro para regularizar situaçãoEm 2012, quando o prefeito Marcio Lacerda (PSB) foi reeleito, 18,88% dos eleitores não foram votar. Na ocasião, 5,7% deixaram o voto em branco e 9,1% anularam. Em 2008, foram 16% de abstenções, 6% de votos brancos e 8% nulos. Em 2004, 2000 e 1996, a ausência foi, respectivamente, de 15%, 14,1% e 15,9%.
Para o cientista político da UFMG Carlos Ranulfo Melo, não há surpresa em um número tão alto de abstenção.
OBRIGAÇÃO Para Ranulfo, os votos brancos e nulos podem ser de protesto ou de alheamento. “Pode ser que o eleitor olhe e fale ‘isso não me representa’ ou mesmo ter aquele que não está nem aí, vai lá porque é obrigado ou nem vai”, disse. O segundo turno, acredita, pode atrair mais a atenção em BH por serem dois candidatos com o mesmo tempo de campanha.
Na avaliação do sociólogo e cientista político pela Unicamp Rudá Ricci, o vácuo na votação ocorre porque o eleitor não se vê representado nos partidos. “Foi uma situação nacional. Nos últimos três anos, fomos achincalhando as legendas e quem mais destruiu as imagens dos partidos foram eles mesmos. Eles se autodestruíram”, afirmou. Ele avalia que nenhum partido sai fortalecido com esse índice de abstenção. “A média das capitais foi de 24%, já passou a média histórica que era abaixo de 20%. Somando brancos e nulos temos 40% nos grandes centros urbanos.
Para o sociólogo, o sistema político está entrando em colapso e as consequências são várias. Uma delas, perceptível no pleito, segundo Ricci, é o sucesso dos políticos outsider. “O vereador mais votado de São Paulo é o (Eduardo) Suplicy, um político que não faz parte da ordem nem dentro do PT. Em BH, a campeã de votos é Áurea Carolina (PSOL), uma mulher, negra e feminista que nunca foi política. E, no Rio, o mais votado é um fascista outsider (Carlos Bolsonaro, do PSC). Parte da população cravou o voto fora da ordem da política brasileira”, afirmou.
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