Os salários de início de carreira no Judiciário e no Legislativo federal são ainda maiores do que nos cargos do Executivo.
Dados do Ministério do Planejamento evidenciam essas disparidades.
Enquanto a remuneração básica inicial no Executivo dificilmente ultrapassa os R$ 20 mil mensais, no Judiciário e no Legislativo esse valor serve praticamente de piso.
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Governo Federal estuda reduzir salários iniciais do funcionalismo públicoPara maioria da população brasileira é "fácil" desobedecer a lei e dar um "jeitinho"Poder Judicário gastou quase R$ 80 bi em 2015Um auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), que é uma das carreiras mais cobiçadas pelos "concurseiros", recebe no início da carreira R$ 18,89 mil. Já um auditor fiscal da Receita Federal tem salário de início de carreira de R$ 15,74 mil.
O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita, Claudio Damasceno, diz que a diferença da remuneração inicial entre as carreiras com os demais Poderes está tirando a atratividade histórica dos cargos da Receita Federal. "Está havendo um êxodo de servidores para outras carreiras de menor complexidade do que a Receita", disse.
Damasceno cita os casos do TCU e demais carreiras do Judiciário e lembra que, em 2010, pela primeira vez, um concurso público para cargos no Fisco não preencheu todas as vagas.
Na Receita, um servidor leva 18 anos para receber a remuneração máxima e passa por 13 níveis. Em relação à intenção do governo de reduzir os salários iniciais, ele disse que os vencimentos iniciais na Receita não são tão elevados e que, se esse estudo for levado à frente, não deverá afetar a categoria.
Administração
Em cargos da área de administrativa, que não representam a atividade-fim, o quadro é semelhante: enquanto um funcionário de Ministério recebe de R$ 5,45 mil a R$ 8,48 mil, um servidor administrativo de uma agência reguladora ganha de R$ 13,15 mil a R$ 18,63 mil.
Na Câmara, as remunerações para a área administrativa são ainda maiores, de R$ 21,5 mil a R$ 27,43 mil.
No Senado, ficam entre R$ 22,52 mil e R$ 25,53 mil.
O levantamento mostra ainda que os servidores do Judiciário têm os salários mais elevados em relação aos outros dois Poderes.
Os magistrados e procuradores têm remuneração básica, sem os adicionais, de R$ 28,95 mil. O valor é só um pouco maior do que a remuneração de final de carreira de um servidor da área administrativa da Câmara Federal.
Para bancar todos esses salários, que ainda terão reajustes até 2019, o governo teve de abrir uma brecha no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que institui um teto de gastos.
Pela regra geral, todos os Poderes, à exceção do Executivo, já ultrapassariam o limite de despesas na largada. Mas o substitutivo prevê que o Executivo poderá compensar o excedente nos primeiros três anos, a partir da contenção das demais despesas para bancar os aumentos.
Disparidade é grande
Os salários da iniciativa privada ficam muito abaixo da remuneração dos servidores em algumas profissões.
Uma pesquisa feito com base em dados da Catho, empresa de recrutamento e seleção, mostra uma disparidade grande.
Enquanto um professor ganha entre R$ 6,27 mil e R$ 18 mil no funcionalismo público, o setor privado paga, em média, cerca de R$ 1,82 mil.
O mesmo ocorre na área da saúde.
Enquanto um perito médico previdenciário ganha entre R$ 11,38 mil e R$ 16,22 mil, um médico-cirurgião ganha, em média, quase R$ 7,11 mil na iniciativa privada.
Outro profissional cuja diferença de renda é brutal é o advogado. Na União, o salário desse profissional fica entre R$ 18,28 mil e R$ 23,76 mil. No setor privado, na média, recebem R$ 2,92 mil; se for criminalista, o valor sobe para R$ 3,11 mil e tributarista, R$ 3,56 mil. .