Jornal Estado de Minas

Candidatos estreantes dominam prefeituras de Minas Gerais, mostra pesquisa

Eleitores mineiros foram às urnas votar pela mudança. Menos de um quarto dos prefeitos eleitos no último domingo conseguiu se reeleger, sendo que 76% serão novos nomes à frente dos municípios. O mais curioso é que, entre os que comandarão o Executivo municipal a partir de 1º de janeiro, 36% nunca exerceram nenhum cargo eletivo e assumirão seu primeiro mandato. Os números, divulgados com exclusividade pelo Estado de Minas, são de levantamento da Associação Mineira de Municípios (AMM).

A pesquisa investigou o resultado das urnas nos 853 municípios mineiros, sendo que, em quatro deles, a disputa ainda está em aberto no segundo turno – Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora e Montes Claros. Segundo o levantamento, 39% dos prefeitos eleitos já atuaram em outros mandatos, seja como vereador, deputado ou até mesmo prefeito, em gestão mais antiga. Já 36% dos vencedores do pleito vão exercer um mandato pela primeira vez e 24% dos prefeitos foram reeleitos.


“A crise afetou muito o quadro de novos prefeitos. O que mais chamou a atenção foi que os eleitores fugiram de políticos conhecidos. O índice de estreantes que estão no primeiro mandato é grande”, afirma o presidente da AMM, Antônio Andrada (PSB), prefeito de Barbacena, na Região Central do estado.

Embora a pesquisa não traga esses números, ele afirma que muitos prefeitos acabaram não tentando a reeleição e outros tantos não tiveram sucesso na empreitada nas urnas.

“Com a crise, a falta de dinheiro e de perspectiva, prefeitos estavam um pouco desanimados. A população também mostrou sua insatisfação com os políticos atuais”, analisa o presidente, que reforça que os novos gestores terão que passar por uma adaptação ao cargo político num momento de crise, escassez de recursos e dificuldade de interlocução com estado e União.

SUCESSÃO O próprio Andrada optou por não tentar a reeleição, segundo ele, porque vai disputar as eleições em 2018. Em Barbacena, ele acabou lançando como sucessor o nome de seu secretário Luís Álvaro (PSB), que comanda ao Serviço de Água e Saneamento do município. Numa disputa acirrada entre oito candidatos, Luís Álvaro acabou ganhando, com 22,42% dos votos. “Resolvemos apostar não em um político tradicional, mas que tivesse perfil mais técnico”, diz Andrada.

O levantamento mostrou também que, entre os prefeitos eleitos, 791 são homens, o que representa 93% do total. As mulheres ficaram com apenas 7% das prefeituras, num eleitorado composto por 51,7% de eleitoras. A boa notícia é que, apesar de o percentual de prefeitas ser baixo, elas tiveram sucesso na campanha, já que representavam apenas 8,9% das candidaturas ao Executivo municipal, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).

Segundo a pesquisa da AMM, o PMDB conquistou a maior parte das prefeituras mineiras, com 164 eleitos, o equivalente a 19% do total.
O PSDB ficou em segundo lugar e fez 132 prefeitos em Minas, que soma 16% das vagas. O PT ficou em nono lugar, com 41 eleitos, ou seja, 5% das prefeituras. “Vemos um aumento da pulverização dos partidos nas prefeituras. PMDB e PSDB, que são os partidos mais estruturados no país, continuam em maior número, enquanto o PT acabou pagando o preço da crise e perdeu praticamente a metade das prefeituras”, analisa Andrada.

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