Brasília, 11 - O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), tentou tirar da bancada a responsabilidade pela Casa não ter conseguido votar hoje o projeto que altera o programa de repatriação. "Se o governo quer bancar, ele assuma. E a bancada (governista) vem e vote, e não exigir que o PT venha para dar quórum", declarou.
Hoje, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), culpou o PT por não ter levado o projeto à votação. Florence disse que o PT não aceitou "o inaceitável" e que o governo queria que a bancada apoiasse um projeto de interesse do Palácio do Planalto. O petista alegou que a proposta anistiava crimes e em troca oferecia incerteza de distribuição de recursos para os Estados. "Querem anistiar sonegadores fiscais da ordem de bilhões e eles querem passar isso no rolo compressor como fizeram na PEC 241. Dessa forma não funciona. Às vezes, parece chato, mas isso é golpe querer passar anistia fiscal de sonegadores de bilhões dessa forma", respondeu.
Florence admitiu que a bancada pode ceder se for apresentada uma proposta de acordo para votar a repatriação na próxima semana, desde que inclua a repartição entre os governadores da arrecadação que superar R$ 15 bilhões (contra os R$ 25 bilhões propostos pelo governo) e que não haja anistia de crimes.
O deputado negou que tenha sido procurado pelo governador Wellington Dias (PT-PI) ou por outros governadores para fechar acordo. Ele também criticou a postura do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por se comportar como "líder do governo" na Câmara.
PEC do Teto
Florence prevê mobilização da opinião pública para evitar a aprovação em segundo turno da PEC do Teto e avisou que os oposicionistas vão trabalhar para impedir a conclusão da apreciação na Câmara, prevista para os dias 24 e 25. Para o petista, o governo tenta impor sacrifícios à população. "Vamos judicializar e continuar obstruindo e mobilizando", informou.
O líder alegou que a medida engessa os próximos cinco governos e prevê a redução da oferta de serviços públicos. "A PEC é muito ruim para o País", apontou. O petista acredita que, com a medida, em 20 anos não haverá mais Sistema Único de Saúde (SUS).