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Para ex-ministro, renovação da direção do PT não deve ser prioridade'Precisamos fazer uma autocrítica', avalia secretário nacional de Formação do PTPT ainda tenta achar discurso de oposiçãoLíder do PT no Senado defende projeto sobre abusoA crise na legenda ficou exposta na sexta-feira, 14, quando o Muda PT, grupo que reúne as cinco maiores correntes de esquerda do partido, divulgou um documento no qual anuncia a realização de uma série de plenárias em algumas das principais cidades do País.
O objetivo dos encontros é mobilizar militantes descontentes com o rumo do partido para pressionar a corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), a não adiar para 2017 a renovação da direção petista.
A primeira plenária será nesta segunda-feira, 17, em Brasília, e a segunda no dia 27, em Porto Alegre. Na pauta do Muda PT estão o início, ainda neste ano, dos debates para um congresso nacional que teria plenos poderes para decidir, por meio do voto de delegados, a nova direção, mudanças no programa partidário e a adoção de padrões de conduta ética para todos os filiados.
A CNB tenta protelar a data do congresso para abril do ano que vem e defende a escolha da nova direção por meio de um Processo de Eleições Diretas (PED), conforme determina o estatuto do PT. Em resposta ao Muda PT, a CNB divulgou um texto no sábado, 15, no qual reitera a defesa da manutenção do PED.
A divergência pode levar a um racha, admitem dirigentes. "É possível que o grupo que quer PED faça um PED e o grupo que quer um congresso faça um congresso? Não sei. Pode ser. Acho que estão se anunciando rumos diferentes. A outra via pode estar pensando 'vamos nos livrar dessa grande minoria'", disse o secretário nacional de Formação do PT, Carlos Árabe, integrante da corrente Mensagem ao Partido. Para ele, a crise é diferente de outras disputas internas que marcaram a história do PT.
Integrantes da CNB estão irredutíveis quanto ao calendário e à forma de escolha da nova direção. "Está tendo um açodamento. (As plenárias da esquerda)Têm como objetivo somente ganhar a direção do PT", disse um dos vice-presidentes do partido, Jorge Coelho. Segundo ele, "uma parte (da esquerda)está se preparando para sair" do PT.
Debandada
Diante da pior crise da história do partido - que perdeu a Presidência após 13 anos, sofreu uma das mais significativas derrotas nas eleições municipais e tem alguns de seus principais líderes presos ou na mira da Justiça por acusações de corrupção -, dirigentes admitem reservadamente que o PT deve sofrer uma nova debandada, agora de parlamentares que temem não se reeleger por causa do desgaste da imagem do partido. Alguns dirigentes calculam que até a metade da bancada petista na Câmara pode deixar o partido.
Em reunião da Executiva Nacional, neste segundo semestre, um dirigente questionou: "Não seria o caso de mudarmos o nome e o símbolo do PT?"
Líderes defendem a criação de uma frente de esquerda com PCdoB, PSOL, PDT e Rede. Em reunião de integrantes da Frente Brasil Popular - formada por partidos progressistas e movimentos sociais - um influente petista sugeriu que a frente passasse a aceitar filiações individuais, para disputar eleições.
Uma das poucas esperanças de manutenção da unidade do PT é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceite presidir o partido por um ano e comande uma reconstrução.