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Estado de Minas

O reinado de Cunha: do poder à prisão

Veja os principais momentos da trajetória do ex-presidente da Câmara dos Deputados. Quatro vezes deputado federal, Cunha renunciou em julho e foi cassado em setembro


postado em 19/10/2016 16:52 / atualizado em 19/10/2016 17:46

PF leva Eduardo Cunha do Rio de Janeiro para Curitiba (foto: Wilson Dias/Agência Brasil )
PF leva Eduardo Cunha do Rio de Janeiro para Curitiba (foto: Wilson Dias/Agência Brasil )

Com 58 anos, completados em 29 de setembro, o economista, radialista, evangélico da Assembleia de Deus e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cosentino da Cunha, teve sua trajetória política marcada por altos e baixos, desde o governo do então presidente Fernando Collor de Mello, quando comandou a Tejerj, a empresa de telecomunicações do estado do Rio de Janeiro, até sua cassação pela Câmara e prisão nesta quinta-feira pela Polícia Federal, por decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato.

(foto: Reprodução/ internet )
(foto: Reprodução/ internet )
1991

É nomeado pelo presidente Fernando Collor para comandar a Telerj, época em que conhece a jornalista Cláudia Cruz, com quem se casa. Ele se autodenomina o responsável pela implantação da telefonia celular no Brasil.


1992

O Tribunal de Contas da União (TCU) constata irregularidades na Telerj, cuja comissão de licitação havia sido vinculada ao gabinete de Cunha.


1993

É exonerado da Telerj após a descoberta de um esquema de corrupção na estatal vinculado ao ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor, Paulo César Farias, que culminou no impeachment do ex-presidente. Ele negava fazer parte do esquema.


1998

Inicia sua carreira política ao se candidatar a uma cadeira para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB), mas fica apenas com a suplência.


2001

Assume uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio.


2002

Se elege pela primeira vez para a Câmara dos Deputados.


2006

Se candidata à reeleição pelo PMDB.


2013

É eleito líder do PMDB na Câmara graças ao seu poder de adiar e acelerar votações na Casa, o que lhe garantiu apoios e votos. O Supremo Tribunal Federal (STF) abre ação penal contra o parlamentar, acusado de usar documentos falsos para tentar arquivar uma investigação contra ele no Tribunal de Contas no Rio. É absolvido no ano seguinte.


2015

  • 1º fevereiro
Eduardo Cunha é eleito em primeiro turno presidente da Câmara com 267 votos (foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Eduardo Cunha é eleito em primeiro turno presidente da Câmara com 267 votos (foto: Wilson Dias/Agência Brasil)


- Apesar de o PMDB fazer parte da base aliada do governo Dilma Rousseff (PT), Cunha é eleito presidente da Câmara dos Deputados com 267 votos, contra a vontade da presidente que pretendia eleger o petista Arlindo Chinaglia (SP).

- A derrota do Planalto agrava a crise política, intensificada pela investida de Cunha para acelerar a votação da reforma política e evitar a proibição da doação de empresas para campanhas, uma bandeira do PT.

- À época, o poder de Cunha era tanto, que aliados afirmavam que 180 dos 513 deputados federais – quase um terço da Câmara – dançavam conforme a música que Cunha toca. .

  • 3 de março

Procuradoria-Geral da República (PGR) pede que STF abra inquérito contra Cunha e outros 27 políticos por terem se beneficiado de recursos desviados da Petrobras no esquema investigado pela Operação Lava-Jato. O presidente da Câmara alega que o governo petista queria um “sócio na lama”.


  • 12 de março

Se oferece para prestar depoimento à CPI da Petrobras e nega ter contas no exterior, mesmo sem ter sido questionado sobre elas.


  • 25 de maio

Integrantes de movimentos sociais pró-impeachment são recebidos por Cunha.


  • 16 de julho

Um dos delatores da Lava-Jato, o lobista Júlio Camargo diz, em depoimento à força-tarefa, que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total, US$ 5 milhões seriam destinados a peemedebista.


  • 20 de agosto

PGR denuncia Cunha por lavagem de dinheiro e corrupção por receber propina dos contratos da Petrobras


  • 30 de setembro

Autoridades da Suíça enviam ao Ministério Público Federal (MPF) documentos sobre quatro contas bancárias secretas mantidas por Cunha naquele país.


  • 13 de outubro
O líder do PSOL, Chico Alencar, entrega representação contra Eduardo Cunha ao presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O líder do PSOL, Chico Alencar, entrega representação contra Eduardo Cunha ao presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, José Carlos Araújo (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)


Os partidos de oposição PSOL e Rede entram com representação no Conselho de Ética e para pedir a cassação de Cunha.


  • 3 de novembro

É aberto processo no Conselho de Ética contra Cunha, acusado de mentir na CPI da Petrobras sobre contas na Suíça.


  • Dezembro

- O PT define que não apoiaria Cunha no Conselho de Ética. Seu ato imediato é aceitar um dos pedidos de impeachment. A presidente Dilma Rousseff acusa o peemedebista de agir por “vingança”, o que ele nega.

- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o afastamento do parlamentar.

- É aprovado no Conselho de Ética parecer favorável à continuidade das investigações contra Cunha para saber se ele mentiu ou não na CPI da Petrobras.


2016


  • Março

- O PMDB rompe publicamente com Dilma. Cunha torna-se o primeiro réu da Lava-Jato no STF, acusado de exigir e receber ao menos US$ 5 milhões em propina de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras.

- Em nova votação, o Conselho de Ética dá continuidade ao processo.

- O procurador-geral Rodrigo Janot o denuncia no caso das contas secretas na Suíça.


  • Abril

- O nome de Cunha aparece no escândalo do Panama Papers, que revelou os donos de offshores abertas pela companhia Mossack Fonseca em paraísos fiscais. O Banco Central conclui que as contas na Suíça pertencem ao parlamentar.

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reunido com o presidente do Senado Senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para a entrega do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff(foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil )
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reunido com o presidente do Senado Senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para a entrega do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil )

- Câmara aprova abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.


  • Maio

Em votação unânime, STF determina o afastamento de Cunha da presidência da Câmara e do cargo de deputado, conforme parecer do relator, ministro Teori Zavascki


  • Junho

- Cunha é novamente denunciado ao STF, em dois casos, por bancar viagens da família no exterior com propina obtida no contrato da Petrobras para exploração de petróleo no Benin, por ter mantido o dinheiro em contas não declaradas na Suíça e ainda por suspeita de receber propina de obras do Porto Maravilha, no Rio.

- Relator do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) apresenta parecer contra Cunha.

- Texto é aprovado por 11 a 9, o relatório de cassação de Cunha, que segue para o plenário.


  • Julho

Eduardo Cunha renuncia (foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados)
Eduardo Cunha renuncia (foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados)
- Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara e o ex-dirigente da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Lava-Jato, afirma que ele ficava com 80% da propina em suposto esquema para a liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS da Caixa.


  • Setembro

Cassação de Cunha (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
Cassação de Cunha (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

- Cunha é cassado por quebra de decoro parlamentar por 450 votos a favor e 10 contra, por ter mentido em depoimento à CPI da Petrobras. Foi o mais longo processo de cassação da história da Câmara.

  • Outubro


- Eduardo Cunha foi preso na manhã de hoje em Brasília por decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, em Primeira Instância, em Curitiba.


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